Silêncio

Silêncio

Morreu Amy Winehouse... Uma voz forte, que destoava completamente de sua dona, se cala para sempre. Não sei muita coisa de sua vida, só o que ocasionalmente noticiavam na TV e agora, pelas homenagens que lhe fazem enquanto aguardam o desfecho triste de sua história. Até agora, não se sabe ainda do que morreu, acreditam que deve ser overdose das drogas que ela usava tanto. Fisicamente, deve ter sido isso mesmo. Dependente de álcool e drogas publicamente, não disfarçava seus vícios e mostrava uma indiferença mórbida pelas consequências de suas loucuras. Mas na realidade, a causa de sua morte tem outro nome: fama. Ser famoso para alguns é sentença de morte, principalmente para aqueles que não têm a autoestima bem equilibrada, que se transformam em deuses e monstros de uma hora para Foi assim com muitos que tiveram a vida roubada pela fama, como o Michael Jackson, Elvis, Marilyn, Kurt Cobain, Jim Morrisson, Janis Joplin, Jimmy Hendrix e tantos outros, que passaram a viver roteiros ensaiados e produzidos por pessoas alheias àquilo que tinham na alma. Perderam-se pelos caminhos. E nessa perda de identidade, buscavam na bebida e nas drogas o passaporte da ilusão, a força que não tinham fisicamente para viver. E lá fora, milhares de pessoas sempre querendo mais, cobrando mais, quando às vezes eles pouco ou nada tinham para dar naquela hora. Trocar o brilho das multidões pelo vazio na alma às vezes dá nisso. São muitos famosos que foram tristes e deprimidos demais, que preferiram sufocar o eu que outrora havia dentro deles, para não sofrerem com a tristeza de não viverem a própria vida. O público se compactua com isso. Poucos enxergam no artista o ser humano que ele também é. E Amy fez muito pouco dessa sua condição de vivente, não teve forças suficientes para impor o que ela realmente era antes de ser artista. Vai embora levando consigo seus sonhos e seus segredos. Para o mundo fica o estereótipo criado por ela de uma imagem forte num corpo cada dia mais frágil e de uma voz, que cansada de insinuar por socorro, viu na indiferença do mundo a opção do silêncio. E calou-se para sempre.

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maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 31/07/2011
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