ATIRANDO BOSTAS
Tem gente que parece estar sempre de mal com o mundo. Carregam nas costas uma sacola repleta de dejetos e deles fazem uso, doa em quem doer. Como zumbis a repetir os mesmos gestos, infestam ambientes de miasmas putrefatos, escurecendo sua vida e o viver dos outros. Contrariados, enchem a mão da podridão contida na sacola mental, jogando-a a esmo. Atiram bosta nos desafetos, em quem discordar do seu pensar, nos que, inadvertidamente, cruzam seu caminho. Atiram bosta em todas as direções, numa crítica permanente contra a vida, contra o próximo, contra idéias, contra os contra. Não sabem aceitar as diferenças de ser, agir e pensar. São infelizes? Bosta em quem compreende e insiste na esperança. São orgulhosos do "seu" saber? Bosta em quem, pela experiência, se fez sábio. São almas egoístas? Bosta nos que já sabem que a solidariedade é o caminho. São prepotentes? Bosta em quem, pelas dores, aprendeu a compreender a dor do outro. Afastam de si as mãos que se estendem, perdem tesouros valiosos que só podem ser adquiridos pelo convívio e pelo respeito mútuo. Quando se dão por conta, estão sozinhos. Aí, atiram bosta em si mesmos...