País de bastardos

País de bastardos

O mundo mais uma vez ficou perplexo diante da barbárie cometida pelo norueguês Anders Bhering. Todos ficam se perguntando se é loucura o que passa pela mente de uma pessoa que tem sangue frio suficiente para matar tantas pessoas e ainda achar justificativas para os seus atos. É possível até que tenha, dependendo da influência política ou convivência social que este infeliz teve na vida. Ninguém sabe que tipo de veneno foi injetado em suas veias, ou que espécie de venda colocaram nos seus olhos, para que ele construísse esse conceito de supremacia de raças e saísse matando em nome dela. Sobrou até para nós, brasileiros, servimos de exemplo de raça inferior, uma civilização de baixo nível de coesão social, um modelo de contínua bastardização.

Somos bastardos, sim, com muito orgulho. Filhos de cruzamentos de raças, correm nas nossas veias o sangue e a saga de várias raças, mistura de cores e de feições, que se manifestam numa diversidade cultural, social e política que caminha para o desenvolvimento. Não somos a maioria de pele clara e olhos azuis como devem ser na sua linda Noruega, mas com certeza, somos muito mais felizes. Sofremos de vez em quando com os erros de quem está crescendo, como as mazelas sociais que nos afligem, a política suja da corrupção, a inflação que nos assusta, a violência que nos espreita, os perigos que a gente enfrenta todos os dias para sobreviver. Mas todo final de semana é uma festa que a gente comemora só pelo prazer de viver, abraçando os amigos que gente encontra, sempre prontos para o que der e vier. E nas segundas feiras, lá estamos, prontos pra luta, sorriso nos lábios apesar da derrota do time, da briga com o namorado, do salário minguado ou do dinheiro acabado. Nós respiramos esperança, mas vivemos com a certeza de que estamos construindo um país de igualdades, onde um retirante nordestino, semi analfabeto pode ousar ser presidente da nação, conquistar a confiança de seu povo e ser orgulho e exemplo para o mundo, com a sua política econômica e social. Sofremos com as injustiças, mas não sujamos as nossas mãos de sangue, muito menos de gente inocente, morta covardemente pelas costas, por uma ideologia genocida. Nosso país é semeador de paz, de esperança e de muita alegria de viver. Não cabe nele alguém que se acha tão superior e que, no entanto é tão podre e tão pobre de espírito. Afaste-se de nós essa gente cheia de preconceitos e nos deixem viver em paz, longe das guerras e dos conflitos que constroem muros de ódio, destroem torres com aviões e aniquilam nações inteiras. Podemos ser um país disfuncional, mas que apesar de tudo, funciona cada vez melhor.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 30/07/2011
Código do texto: T3128942