A Volta do Bra-Pel
Bra-Pel. O clássico que toda a cidade aguardava ansiosamente. Após cinco anos, a espera finalmente acabou.
Esse jogo não é e nunca será uma partida comum de futebol, mais do que isso, é um dos principais eventos da cidade e quem nunca viveu de perto a emoção desse clássico não sabe o quanto isso mexe com as torcidas e com toda a comunidade esportiva pelotense.
Essa nova geração de torcedores finalmente conhecerá a emoção do Bra-Pel e descobrirá a verdadeira essência de uma rivalidade quase centenária.
Todos os torcedores xavantes e áureo-cerúleos têm suas histórias pra contar desse clássico.
E eu não sou exceção. Pelo contrário, fui um dos três escritores que aceitou o desafio de contar essa história, melhor dizendo, essas histórias.
Vivi muitos momentos nesse clássico como torcedor do Brasil, mas o que mais me marcou foram dois desses realizados no Bento Freitas em 1984 e em 1992.
O de 1984 me marcou muito porque foi a minha primeira vez nesse clássico. Lembro que era feriado de Nossa Senhora Aparecida, e meu pai levou a mim na Baixada para assistir um jogo diferente. Ele estava absolutamente certo.
As duas torcidas faziam um barulho ensurdecedor e o jogo foi emocionante, pena que voltei pra casa de cabeça inchada com a derrota do Brasil naquele jogo por 1 x 0, gol do famoso centroavante Ademir Alcântara, um dos ídolos do co-irmão. Lembro que foi uma cabeçada daquelas certeiras no fundo das redes.
Mas tive certeza mesmo que o Bra-Pel não era um jogo qualquer quando fui naquele célebre de 1992 que se realizou na Baixada na noite primaveril de 13 de Dezembro.
Desta vez meu pai e meu tio Charles estavam comigo. O mesmo barulho ensurdecedor das torcidas e o mesmo jogo emocionante. Mas desta vez as emoções foram extremas, chegando ao ponto de ocorrer uma briga generalizada entre os jogadores culminando com quatro expulsões.
Que teve o seu “grand finale” naquele gol de cabeça do Gílson já nos descontos fazendo uma massa inteira explodir e a outra se calar de forma incrédula, sem entender direito o que aconteceu.
Aquela vez não voltei de cabeça inchada pra casa.
E é por essas e por tantas outras lembranças que o Bra-Pel sempre terá um lugar na minha memória.
Novamente veremos grandes jogadores em ação e nós lembraremos todos que já jogaram e brilharam nos confrontos passados com paixão, mas com respeito de ambos os lados.
Afinal, um não vive sem o outro, certo?
Nota: Para os amigos de outros estados, o Bra-Pel que citei nesta crônical é o clássico da minha cidade entre o Brasil de Pelotas e o Pelotas. Este clássico foi realizado pela primeira vez há quase cem anos, no dia 20 de Abril de 1913, tendo o Pelotas vencido o primeiro jogo por 5 x 0.