Os pecados da língua.
Tiago, um dos filhos de José e Maria e provavelmente meio-irmão de Jesus dedicou o capítulo 3 quase todo para falar dos pecados da língua e o dever de refreá-la.
Vejamos o que ele nos diz no capítulo 3:2 “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão capaz de refrear também todo o corpo.”
Como tropeçar no falar então?
“Há um dito árabe que afirma: Cuidado para que a tua língua não enforque o teu pescoço.”
A figura de uma enorme língua nos fazendo tropeçar ou enrolada no pescoço, é apenas simbologia para que possamos perceber o poder da palavra. O poder que ela tem em construir ou destruir com tanta velocidade.
O livro de provérbios fala repetidas vezes desse poder. Vejamos provérbio 13:3 “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo arruína.” Há pessoas que chegam como quem não quer nada e dizem: “Sabia que fulano...” , “Olha sem querer te dizer, não te zanga tá, mas acho que...” , “Sem querer me meter em tua vida, mas me metendo...”. São frases que vão formulando um texto aparentemente inocente, mas com poder devastador. Pessoas que “não dizem” apenas “sugerem”, porém há na palavra sugestiva o tempero da intriga, fuxico, difamação ou que seja um “inocente comentário”, porém que deprime e deixa o outro com sua autoestima mais triste.
Quem assim faz é o homem perverso que o provérbio revela e que com certeza não tem comunhão com Jesus.
Quantas setas envenenadas de palavras hostis saem de nossa boca? Podemos até dizer agora: “Da minha não sai nenhuma, Eu mesmo não digo nada, cada um sabe de sua vida, por mim!”. Mas muitas das vezes usamos a “pseudo autenticidade” , proclamando-nos de amigos verdadeiros e assim saímos falando a verdade, sem importar com nada e para completar afirmamos: doa a quem doer, mas tenho que dizer a verdade.”
As palavras então vão saindo e ferindo quem formos encontrando, e algumas vezes machucamos com satisfação pessoas por considerarmos que são sabichonas, autoritária ou convencidas.
Muitos já devem ter ouvido: tem gente que quando morrer vai ser enterrado em dois cachões, um para o corpo e o outro para a língua.
É essa a figura de quem tropeça na palavra, no falar. O falador com o tempo fica desacreditado, transforma-se em uma pessoa solitária. Afinal quem gosta de ouvir comentários desagradáveis? Quem gosta de estar perto de um reclamão, difamador ou fuxiqueiro?
Há tempo para tudo, assim nos diz em provérbios: tempo para ouvir, refletir e falar. Portanto cuidado, não nos tornemos uma pessoa perversa pensando assim que estamos ajudando e não percebendo o quanto estamos ferindo.
Continuando em Tiago 3:10 “ De uma só boca procede benção e maldição.”, o que sai da minha boca então? O que tu proferes bênçãos ou maldições?
A palavra dita em tempo oportuno revoluciona vidas e transforma situações. A palavra é a ponte de união entre os homens, quando usada com prudência, na medida certa e de maneira adequada.
Palavras que edificam valem muito e custam pouco, mas as que destroem tem um custo alto e a longo prazo. Elas são como um bumerangue sempre volta e quem as profere também se prejudica.
Ora meus irmãos, como fazer então diante desse instrumento tão pequeno, porém perigoso que é a nossa língua? Tiago3:6 nos afirma mais ainda:” Ora, a língua é fogo, é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros dos nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno.” A língua mesmo pequena é capaz de causar grandes danos. Portanto devemos ter cuidado com o que falamos, pois receberemos de volta o nosso próprio veneno.
A fala é o barômetro da espiritualidade. Não é natural o cristão glorificar a Deus e depois falar mal um do outro.
Só existe uma saída, ouça a voz do Senhor. Isso mesmo ouça a voz do Senhor antes de proferir alguma palavra. Busque a Jesus, pois Ele é O Verbo, a Palavra de Deus e peça a Ele que habite seu coração.
Use o dom da palavra para elogiar e não para bajular, para aconselhar e não criticar, para perdoar e não condenar.
Reflita no que diz, não deixe a sua emoção apoderar-se de fala.
A comunhão com Jesus lhe dará o poder para ouvir, refletir e falar no tempo certo.
Deixe que Jesus viva em você e controle suas palavras, pois a palavra quando é branda, derrama bênçãos, eleva almas, enobrece sentimento.
O dia de refletir é hoje, o momento é agora. Pergunte-s: que tenho dito até hoje que faça bem aos que me cercam? Verifique ao seu redor: estás com pessoas que vem em busca do teu néctar? A tua palavra é doce, a tua língua é mansa?
Ah! Irmãos, amigos, deixemos de lado o nosso coração endurecido, mentiroso.
Sim, esse é o coração sem Jesus, vejamos em Jeremias17:9 “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”
Deixemos Jesus invadir o nosso coração, o controle da palavra começa com o controle das emoções, e isso é obra do Espírito Santo, podemos ás vezes dizer: Não consigo fazer nada para mudar isso, pois sei que minhas palavras às vezes criam problemas, e deixam as pessoas magoadas. Essa é a diferença entre humanismo e cristianismo. A primeira deixa as responsabilidades no seu ombro, colocando seu interior como fonte de poder, porém o cristianismo ensina que o poder provém de Deus, e a mudança é um ato divino, usando a vontade humana como instrumento.
Qual a sua vontade então? Deseja que Deus apodere-se do seu coração? Deseja que suas palavras sejam fonte de vida, de amor?
“Vós sois o sal da terra, ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.” Mateus 5:13
O sal acrescenta sabor e preserva ou retarda a deterioração, mas somente se estiver puro, não pode perder sua salinidade, mas pode perder seu efeito se diluído.
Uma palavra de carinho, um gesto de amor, é o que o mundo espera de mim, de ti.
Sejamos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar, assim nos disse Tiago 1:19
Deixemos que nossa palavra seja o alegrar do que triste se encontra.
Que nossa palavra seja o frescor do que nas chamas da solidão permanece.
Somos em Jesus seu filhos, salvos por sua graça e abençoados por sua Misericórdia, portando que da nossa boca não saia palavras torpes(desonestas, infames), mas que sejam sim, palavras que edifiquem, que conforme o necessitado e assim transmita graça aos que a ouvem. Efésio 4:29.