O sangue que forjou um país.

O Brasil que conhecemos hoje é fruto de 500 anos de miscigenação cultural, espiritual e biológica. Desde que os portugueses chegaram aqui até os dias de hoje, o Brasil passou por uma série de experiências étnicas, sendo local de encontro de um sem número de misturas raciais. É comum hoje em dia vermos uma pessoa de cabelos loiros e olhos verdes falar que tem avós negros ou índios e sorrir com o sorriso típico do brasileiro.

A mistura étnica torna tudo mais lindo e abrasileirado, porém é uma pena que nem todos pensem assim. Muito da nossa cultura foi aprendido, com um pouco de cada povo que aqui se estabeleceu, e principalmente com a África, a grande mãe da nossa nação e de quase tudo que faz parte da nossa vida hoje em dia.

Quando Portugal chegou aqui, em 1.500 e se estabeleceu, as nossas terras já eram dominadas pelos povos indígenas, homens e mulheres de cultura e vivência própria, os verdadeiros donos desse pedaço de chão.

Além dos portugueses vieram os holandeses, italianos, franceses, entre outros europeus interessados em partilhar um pedaço da nossa beleza, terra e clima, mas foi a África que mais contribuiu para construir este país.

Com o início da escravidão, muitos negros foram trazidos para o Brasil, a fim de trabalharem nos engenhos de açúcar e com a desculpa de que os negros deveriam trabalhar de graça para os brancos a fim de se purificarem de seus pecados, motivo pelo qual os negros e índios viviam de forma primitiva e “atrasada” segundo a visão do branco, e sobretudo da Igreja, que foi quem alimentou essa idéia de olho no lucro obtido com esse tipo de trabalho. Mas essa já é outra história.

O sangue negro derramado muitas vezes, conseguiu construir esse nosso Brasil debaixo de muita opressão e discriminação que por incrível que se pareça, dura até hoje na cabeça de algumas pessoas ignorantes que em pleno século XXI se escondem atrás de currículos ou não, e insistem em praticar atos racistas contra negros e índios, ou simplesmente mantêm firme ideais de discriminação contra tais etnias. É inadmissível pensar que isso pode existir até hoje e principalmente num país como o nosso, tão misturado, tão negro e tão Afro, onde o preto e o branco são muito mais que duas cores num papel, são muito mais que duas raízes étnicas fundidas em seus antepassados. Preto e Branco formam o Brasil. É o Negro da África e o Branco europeu juntos sob a mesma bandeira, sob a mesma égide e gerando os mesmos descendentes e montando a mesma nação. É o Preto no Branco que se misturou, miscigenou e desenhou, centenas de anos atrás e vem desenhando até hoje, o melhor país do mundo e o melhor povo do mundo, mais acolhedor e mais sorridente, num lugar onde nossos filhos poderão encontrar um dia, toda discriminação e preconceito racial extinto e banido da face da terra, começando aqui no Brasil, o país mais Afro do mundo fora da África.

Eu penso que não há mais lugar para esse tipo de reação e que tais coisas mancham e muito a nossa rica bandeira, que representa tão solenemente essa terra, uma terra de esperança e abençoada pelo divino, que foi escolhida pelo mesmo para acolher os negros oriundos do berço da humanidade e enraizar aqui sua cultura, que permanece até hoje correndo nas veias do povo brasileiro.