A Morte e a Morte de ... (EC)


A morte do outro que dói em mim é a morte de quem? Esta é uma pergunta para ser respondida por um filósofo, coisa que não sou. Por isto fica só a pergunta e o convite para quem quiser responder. Quem se sentirá à vontade com este tema será a nossa querida Zélia Freire. Ah, hoje tem gente nova, pelo menos a meus olhos, no Encanto das Letras. Bem-vindo Elias Daher! Um bom começo para você neste grupo que, exceto por mim, não foge dos temas.
Enquanto isto, e por total incompetência mórbida, tento fazer umas gracinhas, sem muito jeito. Mas se eu fosse escrever sobre a morte, o que eu diria... A morte hoje já não nos assusta tanto quanto assustava ontem? Por que este assunto nos incomoda e nos faz correr dele? Bom, pelo visto, só tenho perguntas.
Existe, ainda hoje, em muitos de nós a superstição de que “quem não é visto, não é lembrado”. Parece que o nosso medo, maior que o medo de morrer, é o de sermos descartados vivos. Curiosamente aconteceu isto com um cidadão na África do Sul, neste mês de julho, que acordou dentro de um frigorífico. Depois de ter sido dado como morto pela família, o corpo foi encaminhado para o serviço de guarda-mortos (ou algo parecido). No dia seguinte, a turma que estava de plantão ali, se assustou com os gritos e pedidos de socorro do engavetado, ou melhor, do geladinho. Ficaram apavorados pensando ser um fantasma. O bom é que alguém (que possivelmente não tinha medo de falar sobre a morte) o socorreu. Foi levado para um hospital para os primeiros socorros médicos e depois para a casa dele, onde a família festejou a sua ressurreição. Isto vai dar filme! Tudo hoje em dia dá filme...
Será este medo, um dos motivos que faz com que se tenha receio de autorizar a doação de órgãos? Quem sabe o nosso penúltimo desejo seria o de levar no bolso um celular para o caso de acordar numa caixinha estranha e gelada? Aqui não posso deixar de contar uma piadinha, muito da sua sem graça, mas que sempre me faz rir ao imaginar a cena. Perguntaram ao cantor: “- TIM, você está VIVO?”. Ao que ele respondeu, entre umas e outras engarrafadas: “- Mas é CLARO!”. Você aí, que está lendo no computador, não se assuste se, de repente, se espalhar pela tela: SOS... SOS... SOS...
Agora é sério. Já falei sobre A Morte. Mas o tema requer que se fale também sobre A Morte de... Quem morreu, eu não sei. Mas que se mata, todos os dias, a capacidade de ouvir e de ser ouvido, com os comentários sobre o tempo, ah, isto se faz! “Hoje está tão úmido, não?” (Cem por cento de umidade relativa do ar e ainda quer confirmação!). “Que frio, heim!?”. “Puxa, que calor dos infernos!”. “Quando é que acaba o Verão?” (Esta sou eu). Os antigos horóscopos sobre como seria a nossa vida, conforme os astros, agora são substituídos no rádio e jornal pelo horóscopo do tempo. E não é que dá “ibope”? Como é apenas previsão, ninguém precisa acertar. Aí saem aquelas margens de temperatura entre 4°C e 24°C. São Pedro, lá em cima, joga os dados e decide: “Ah, é?! Vinte graus de margem de erro? Então aí vai! Quatro graus”. Ainda quer saber A Morte de Quem? A morte do tema. Tudo falado e nada dito. Dito isto, resta perguntar: - O tema morreu ou faleceu?
  
 
Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Morte e a Morte de...
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meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 29/07/2011
Reeditado em 22/09/2011
Código do texto: T3126051
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