Meu filho
Estou cansada. Levanto-me como se carregasse quilos nos ombros e como se a noite passada tivesse sido muito dolorida. Caminho devagar. Prendo os cabelos e alguns fios brancos que teimam em saltar ao rosto, molho a face enquanto penso como será o dia. Como será tudo daqui pra frente.
Olho as espinhas que não param de aparecer, outrora sinal da puberdade. Não sou mais eu, agora é ela, ou ele. Cedo espaço para um novo ser, doo meu corpo para abrigar aquele que virá ao mundo me fazer ainda mais feliz. Egoísmo? Amor? Doação.
A minha trajetória não será só mais minha. Será nossa. Assim como meu próprio corpo já não é mais só meu, é seu também.
E assim vamos vivendo e aprendendo, como já dizia o poeta, na certeza de que dias melhores virão e um mundo novo se abrirá sobre nós. Te espero.