Deslizes à Brasileira
Confesso a minha preocupação com algumas coisas que tenho visto e ouvido Brasil afora. E não são coisas grandes. São pequenas mesmo, ou aparentemente pequenas. Diz o Livro Sagrado, a Bíblia, que “não devemos desprezar o dia das coisas pequenas”. É impressionante como alguns deslizes tem invadido o comportamento social, em todas as esferas, sendo de alguma forma aceitos, aprovados, elogiados e até incentivados. Não me preocupo com o cidadão já formado. Esse vai responder pelos seus atos. Minha preocupação é com aquele ainda em formação. Este tem perdido o que deveria ser referência e ficam confusos. O que seria certo ou errado? O que seria permitido ou não? Vejamos alguns exemplos: o candidato “ficha limpa” só foi aprovado por decreto, quando isso deveria ser algo inerente a todo ser humano e principalmente àqueles que aspiram um cargo público. Para um emprego público, é assim que funciona. Determinado jogador usa de meios ilegítimos para fazer um gol e é aplaudido, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Outros também assim fizeram, tentam justificar. Um jogador é expulso por revidar jogadas violentas ou aceitar provocações do adversário e isso também é aceito, com o argumento de que “ninguém tem sangue de barata”. O Cristão tem. Ou pelo menos deve ter. Ou vocês não acham que Cristo na cruz poderia ter revertido aquela situação? Seria fácil, fácil. A sociedade tem incorporado falsos e perigosos valores: se os políticos roubam, porque eu não posso faze-lo?. Porque não oferecer uma propina para se livrar de uma infração de trânsito, se o guarda aceita. E o que dizer daquela “clássica”: diga que não estou. A verdade é que os deslizes à brasileira, chamados pequenos, tem alcançado todos os segmentos da sociedade. Até mesmo as igrejas quando passam a tolerar certos comportamentos dos seus fieis e de seus líderes. Afinal, são pequenas coisas. No seio das famílias a questão se complica ainda mais: pais tolerantes ou que não são exemplos, permitindo, apoiando e incentivado seus filhos à pratica dos chamados pequenos deslizes: por que não colar para obter uma melhor nota. É apenas uma “colinha”; por que não um gole de bebida alcoólica. É apenas um gole, numa festinha familiar; ah! meu filho revidou a agressão porque é “macho” e não leva desaforo pra casa; ah! Meu filho “ficou” com a filha de fulano porque é “homem”. Quantos aumentam ou diminuem suas idades para obter alguma vantagem? Isso não é nada demais. E por aí vai. Só não sei aonde vai parar. A coisa não termina por aqui. Certamente que muitos outros exemplos poderiam ser citados e o leitor deve estar a pensa-los nesse momento. O perigo mora nessas pequenas concessões ou a aceitação delas. Deslize é deslize, não importa o seu tamanho. Certamente que o somatório dos pequenos resultará em um grande. Aí será tarde demais. Como já disse anteriormente, a minha preocupação não são com adultos, responsáveis ou não, mas sim com a “cabeça” dos pequeninos. A influência da mídia é poderosa e é essa que mais tem “aplaudido” esses deslizes. É bom que se diga que isso está ficando enraizado na cultura brasileira, diferentemente do que ocorre em outros países. É preciso redobrada atenção para que depois não venhamos lamentar.Afinal, que tipo de sociedade queremos construir? Como gostaria de conhecer aqueles que já não desejam cultivar nenhuma valor ético ou moral. Pouparia meu tempo. Como não sei, que Deus a todos nos ajude.