Do que era negro pro que é azul

Á Paullina Carvalho

Acordei-me hoje com uma frase que, acredito eu, seja de algum tango interpretado por Nelson Gonçalves e escrito, tambem acredito eu, Por David Nasser ou Herivelto Martins, ou os dois juntos, mas isso não importa.O que importa, ou, de fato, não importa, é que acordei com a frase "se eu for contar a minha vida, qualquer poeta escreve um drama"

Mas não, não aconteceu nada de extraórdinário ultimamente. Ou melhor, sim, estou bebendo cada vez menos e ficando cada vez mais chato e com pensamentos, que diria, no mínimo, auto-destrutivos.

Um drama, sim, um drama. E por que? isso é o que é complicado de se explicar até mesmo utilizando a física quantica ou a lei da atração do universo.

Sem nenhum nexo com a frase que despertei com ela na minha cabeça.Eu lembro que conheci uma menina, daquelas com o entusiasmo de uma criança que falava do brinquedo novo que andou no parque e com o desprezo de uma senhora que faz crochê escutando o chiado da televisão que nem lembra que saiu do ar.

"E o que tem nisso? meu caro, conheces gente todos os dias!", "Mas é estranho,não? Meu velho, diga-me algo que acontece na sua vida e que não seja descrita com essa palavra no meio da frase", " Mas ela me faz falar sobre mim!Ok, isso é um problema"

Sim, digamos que "problema" seja a palavra que mais se aproxima de um adjetivo adequado, e o que que tem? o que que tem que isso está me tirando do sério, como que eu abro assim as portas dessa Nau para alguem que me conhece tão pouco, ou não.

Acho que deve ser ai que entra a frase...

Nese momento algo trava minha mente e, pela primeira vez, não consigo escrever sobre alguem...deve ser porque as poucas vezes que olhei para ela foi enquanto ela ajeitava o chalé que cobria seus finos ombros ou quando perdia seus olhos entre o fim de minha cabeça e a parede por tras de mim.

Um drama, fato. Sabe como se sentiria um fantasma, antigo dono de uma casa que hoje uma jovem a aluga inocentemente? Saia já daqui!grita o Fantasma inutilmente enquanto ela abre as caixas do porão onde o antigo dono, agora fantasma de gas, guardava seus mais prociosos segredos.

Ei! essa caixa não! grita o fantasma enquanto atravessa paredes que mais parecem que sao as paredes que guardam aquiloq ue ele tanto tem medo de visitar. Um fantasma terrível e covarde talvez.Sim, começo a me sentir assim.

Agora já não há mais revolta e é apenas o segundo dia.Ele apenas olha por cima do ombro dela o que ela ve e isso o faz lembrar-se do que foi, sonhando que tenha significado para alguem alguma coisa para ele , agora, morto , ja nao significa nada.

E com facilidade, parece que ela encontra as caixas onde ninguem nunca conseguiu chegar, mesmo as mais intimas em vida.

Revolta e agora comformismo o contentamento, ou uma mistura de tudo como , de fato, é esse texto que começa com sitação de tango e termina com a historia de um fantasma que se revoltara com sua nova inquilina e que agora move aquele castiçal do móvel para que ele caia e indique a ela mais uma caixa para ela ver.Vamos ver até onde ela vai conseguir,não é? Se ela não conseguir chegar ate áquela ultima caixa, não importará...

Balthazar Sete sóis
Enviado por Balthazar Sete sóis em 27/07/2011
Reeditado em 27/07/2011
Código do texto: T3123234