Carlos 'boquita' Nascimento

Ontem à noite, assistindo ao jornal do SBT, um deles pelo menos, não sei direito o que é o quê. Não tem hora para começar e cada vez é exibido com um apresentador diferente. Mas, se trata do Carlos Nascimento apresentando junto àquela bela e jovem ex-modelo, ex-atriz e futura jornalista que tem os olhos mais lindos que eu já vi entre os jornalistas do SBT. Não sei o nome dela e também não faz diferença já que ela erra mais do que trabalha. Mas, não é pra ela o texto de hoje. É para o Nascimento.

Além de ter sérias dificuldades para se expressar [com aquela boca irritante que só abre em baixo], o apresentador e editor do jornal noturno mostrou mais uma vez que o jornalismo moderno está muito além de noticiar. Tornou-se indispensável para o telespectador não apenas saber qual é a opinião do apresentador sobre a matéria apresentada, mas também se divertir com a maneira articulada com que os interlocutores a passam. Eles conversam entre si, sorriem, gesticulam e dão até gargalhadas.

O grande problema em saber o que o jornalista pensa não é o fato em si, mas sim, a imagem gerada por uma opinião tola e mesquinha. Apresentando a reportagem sobre um projeto de lei que obriga os restaurantes a fornecerem a quantidade de calorias de cada prato servido, nosso querido ‘boca torta’ – espero que meus leitores perdoem minha indelicadeza, mas é que não consigo esconder minha raiva – mostrou-se indignado e irredutível quanto à lei. Achou um absurdo sem tamanho, bufando como um touro selvagem e, esbravejando, falou que deseja ir a um restaurante para apreciar uma boa refeição e não ficar olhando as calorias de cada prato.

Quando se tornou obrigatório que os produtos industrializados mostrassem em suas embalagens o seu valor nutricional e calórico, muitos clamaram dizendo que era bobagem, que ninguém se importaria e que deveriam ter coisas mais importantes para se preocupar. Hoje em dia muitos nem se imaginam comprando alimentos sem saber quantas calorias irão consumir. Seria como comprar algo sem saber o preço.

Na lei original, de 1969, no capítulo de rotulagem, não se falava sobre valor nutricional ou calorias, mas já eram cobradas informações sobre o nome do produto, fabricante, data de validade, sede e seu endereço, registro no órgão do governo para licença de produção, indicação de aditivos intencionais e peso, além de deixar margem para novas regulamentações. Em 2001, tornou-se obrigatório que os alimentos industrializados e bebidas embaladas trouxessem em seus rótulos todo seu valor nutricional, incluindo calorias. Em nota, a ANVISA deixou claro que o objetivo era trazer igualidade das normas brasileiras com as de outros países, conseguindo, assim, sua adequação com relação ao avanço deste tema no contexto mundial.

Já em 2005, a ANVISA, órgão do governo responsável pela fiscalização sanitária, lançou um manual [igualmente previsto em lei] sobre gerência geral de alimentos intitulado Rotulagem Nutricional Obrigatória. Existem outros detalhes técnicos que não me prenderei, mas quem desejar poderá consultá-los no link abaixo:

http://www.anvisa.gov.br/rotulo/manual_industria.pdf

Esse novo projeto de lei trará essa obrigação para os restaurantes e fast-food´s. O que será ótimo, pois cada vez mais em uma nação democrática, teremos transparência [relativa] em uma área tão importante como a nossa alimentação.

Agora, voltemos ao detalhe do surto psicótico do ‘boquita’. Até entendo que existe uma infinidade de coisas para serem feitas em nosso país e muitas dessas outras coisas podem até ser mais importantes do que valor nutricional do sanduba que eu como lá na loja do palhaço vermelho. Entendo que estamos em vésperas de uma copa do mundo [mentira, não entendo esse desespero] e isso causa revolta na população, pois, ela consegue finalmente ver que não temos condições para realizar tal evento e, mesmo que este seja realizado, existe uma infinidade de coisas muito mais importantes para serem feitas. Também entendo que o jornalista deseja ter o afeto e a lealdade do público para manter o seu emprego e só conseguirá isso sendo empático. Mas ser empático com uma ignorância é ser ainda mais ignorante senhor Nascimento. E daí se o povo não quer ver o valor do que come? É obrigação de quem produz informar. Os preços nas prateleiras devem ser obrigatórios e por quê? Para que os pobres não passem vergonha nos caixas por não terem dinheiro suficiente para pagar a conta? Não. Por que é um direito nosso, ricos ou pobres, saber o custo da mercadoria que almejamos comprar. Assim, podemos planejar, comparar e fazer a melhor escolha ou a escolha que se adéqüe à nossa necessidade.

Não sou nenhum ícone de vida saudável, mas não é por isso que não desejaria para as pessoas que se preocupam com qualidade de vida informação à sua disposição para ajudá-las em seu projeto de vida. Não sou cadeirante, mas desejo transporte coletivo adaptado e rampas para acesso. Não sou adepto de assistir jogos de futebol, mas desejo paz nos estádios. Não uso drogas, mas desejo a legalização de certas drogas, bem como são liberadas a bebida e o cigarro. Não tenho dependentes em minha família, mas desejo clínicas de reabilitação populares.

Mas eu tenho uma doença, Nascimento: a obesidade. Luto contra desde que me entendo por gente. Como já disse, não sou ícone de vida saudável, mas se não controlar o que como, explodo, literalmente. Não só para pessoas que sofrem da mesma doença que eu, mas para muitas outras que estudam sobre os alimentos e desejam ter uma vida mais saudável, as informações na embalagem são muito úteis. Se essa lei se estender, permitirá que muitos que nem entram em restaurantes por medo de comerem mais do que devem possam alargar seus contatos e até melhorar suas vidas sociais sem prejudicar sua rigorosa dieta. Fará muitos abrirem os olhos para o veneno que possam estar comendo ou até desmistificar o tal ‘veneno’ já que nada é proibido comer, basta saber medir o que se come. Além de ajudar os profissionais da área a direcionar seus clientes/pacientes para lugares onde existam realmente alimentos que trarão benefícios para sua saúde. Comer fora não é luxo para poucos. É qualidade de vida alimentar e social entrelaçadas.

Quanto a existirem coisas mais importantes, existem sim. Mas, tem tanta gente trabalhando no plenário e no senado e nos ministérios pra quê? Será que não é justamente pra isso, atender a todas as áreas relacionadas ao povo?

Isto posto, por favor, senhor editor-chefe, pense duas vezes antes de tentar abrir sua meia-boca para expressar uma opinião de fossa relacionada a assuntos que você não domina, exteriorizando um monstro voraz e ignorante que, ainda por cima, está acima do peso.

Prima
Enviado por Prima em 27/07/2011
Código do texto: T3122239
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