O BELO EXEMPLO DE DULCE
Não gosto nem tenho hábito de seguir novelas. Nada contra quem goste, mas prefiro gastar meu tempo lendo aqui pelo Recanto ou às voltas com um velho e bom livro em “papel e osso”, coisa que tecnologia nenhuma jamais, jamais, jamais vai substituir seja pelo cheirinho do papel, seja pelo gosto de poder tocar, aconchegar, adormecer e acordar com ele bem agarradinho...
Bom, mas voltando à TV, dias destes, pulando aqui e ali pelos canais, dei com uma cena da novela das 7 que me chamou a atenção. Parei por ali: uma mãe, com a dureza mais doce que já inventaram, censurava a amarga decepção que lhe causara o filho pra lá de ingrato! Cássia Kiss! Que espetáculo de interpretação! O próprio nome da personagem dizendo tudo: Dulce — do latim, doce, terno, meigo — e é nessa linha, que a atriz dava seu show!
Por interesse, andei pesquisando a personagem e confesso, fiquei seduzida. Às voltas com um filho mau caráter, quem acompanha sabe, Dulce encarna o drama de muitos pais e mães. “Morde e Assopra”. Poderia ser para ela o próprio nome da novela. No seu melhor sentido, é claro! Dulce morde quando pega duro com o cafajeste em que se transformou o fruto de seu ventre, assopra quando, enternecida, busca trazê-lo ao bom caminho. Sofre por ele, sofre por si, reconhecendo os próprios erros. Correta, justa, ética, dura, mas sem perder a ternura, ela dá uma lição de educação e amor maternal.
Parece que Dulce tem encantado a muita gente. Graças a Deus! Vi a chamada e não perdi: Cássia foi ao Faustão falar da repercussão de sua personagem e deixou seu ponto de vista: “Não existe uma aula de como ser pai. Então, pais e filhos erram muito. Pais modernos podem ser escravos dos filhos que, muito cedo, já têm vontade própria. Algumas vezes, eles podem ser manipuladores, cruéis.”. E nesta síntese, quem é pai ou mãe sabe o que há de verdade...
Oscar Wilde dizia que “A vida imita a arte muito mais que a arte imita a vida”. Bom, aí já não sei quem imita quem. Só sei que esta personagem está dando o que falar. Apesar de ser avessa à novela, pretendo seguir os passos de Dulce. Por achar sempre oportuna a discussão da relação pais/filhos, por ter certeza: grande parte das mazelas de nossa atual sociedade tem suas raízes bem fincadinhas lá no comecinho, onde muitas vezes os papéis se invertem e não se sabe mais quem é pai, quem é filho. E o pior é que aí não é novela... É vida real, e os personagens somos todos nós...