OLHANDO AS PESSOAS .

 

    Era um domingo como tantos outros . Sol morno, na cama até as dez, café da manhã lendo o jornal e escutando algumas músicas, macarronada no almoço e, ao me preparar para a tradicional cochilada no meu sofá da sala, eis que a patroa me lembra que teríamos que ir ao shopping comprar uma pequeno presentinho .

   À noite, mais uma daquelas festinhas de criança onde, além da algazarra dos pequenos e das pequenas, a cerveja estaria morna e os salgadinhos um pouco frios e murchos .

   Ao chegar ao shopping o combinado foi que eu ficaria sentado num dos bancos espalhados pelos corredores enquanto a patroa, com toda a paciência e interesse muito característico das mulheres,  visitaria todas as lojas até encontrar o que mais lhe agradasse .

   Não tenho muita paciência para perambular pelas vitrines escolhendo presentes. Sou desses que já sae de casa com uma ideia do que quero comprar ,   entro direto na primeira loja e resolvo o problema.

   O bom de ficar sentado num corredor de shopping é que, discretamente você pode observar atentamente o comportamento das pessoas que passam e embora não sejam suas conhecidas , pelo andar, pelo olhar, pelo franzir da testa e pelo tom de voz você pode praticamente analisar  e entender a personalidade de cada um .

   Por exemplo, aquele loura alta, com sapatos de bico fino e de salto exagerado caminhava torcendo as mãos com um certo nervosismo e nem prestava a atenção ao que acontecia ao seu redor. Súbito ela abre a bolsa , para e atende ao celular .

    Por uns segundos ouve com um ar apreensivo o que estão dizendo do outro lado da linha e em seguida começa a chorar . Provavelmente era uma discussão com o namorado , tanto é que pouco depois ela enxugou as lagrimas e entrou numa sapataria . Algumas mulheres afogam as mágoas comprando sapatos novos .

    Vi também um rapaz bem apessoado, camiseta justa, topete caindo no rosto ,  aparentando seus vinte e poucos anos e que acompanhava a uma distância segura uma senhora dos seus cinquenta e a alguma coisa , bonitona, corpo bem feito e que, não tenho nenhuma dúvida , caminhava bem lentamente como se esperasse ser alcançada pelo rapaz. E isso realmente aconteceu .

    O rapaz parou ao lado dela, cochichou alguma no seu ouvido e colocando a mão no seu  ombro  entraram num dos cinemas . Nem preciso imaginar o que aconteceu lá dentro .

    Chamou minha atenção uma mãe, jovem mãe diga-se de passagem , muito bonita, com um atrevido decote e com uma dessas calças colantes que imagino quanto tempo uma mulher leva para conseguir entrar nela . A jovem e linda mãe estava acompanhada de quatro crianças pequenas, uma mais levada que a outra e cada uma tentando correr numa direção diferente .

    Me surpreendeu o fato da jovem, linda jovem aliás, não estar desesperada , o que até seria normal . A um determinado momento ela conseguiu enfileirar os pequerruchos sapecas e pagou um enorme sorvete para cada um deles .

    Desviei o olhar para prestar a atenção a uma menina com um cabelo pintado de vermelho, saia curta e sapatos coloridos aparentando uns doze a treze anos . Tudo bem que jovens fazem coisas que jamais vou conseguir entender mas cá pra nós, cabelos vermelhos ? Desses cor de esmalte ? Só queria entender !

    Meu sorvete acabou, continuei prestando muita atenção a cada um que passava, (olhava infinitamente mais para as mulheres do que para os homens) e fiquei a imaginar como somos todos diferentes uns dos outros.

    Todos temos nossos problemas, nossas lágrimas, nossas alegrias e acima de tudo, ainda temos tempo de dar umas voltas pelos corredores de um shopping.

      Particularmente gosto muito disso. Aprendo e me divirto observando as pessoas .
     Pena é que dificilmente consigo chamar a atenção
de quem passa  mas  ,  pensando bem é muito melhor assim.....


                                     *********



fotos-shopping-cristal-interior-i.jpg




(.....imagens google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 26/07/2011
Reeditado em 03/05/2013
Código do texto: T3120114
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.