Eu e o Livro
Sempre que estou lendo e ainda mais quando o livro é bom, eu fico procurando discernir as sensações que tomam conta de mim, fico imaginando como é possível meu envolvimento naquela história que não é minha, mas por um momento passa a ser, na medida em que introduzo meu pensamento nela. É paradoxal dizer isto, mas não temo em afirmar que é no sofá de casa que eu consigo percorrer diversos mundos.
Meu pensamento oscila entre o real e a ficção e nessa dinâmica acabo por buscar fazer parte da história, a me localizar nas linhas que meus olhos percorrem, ou até mesmo nas entrelinhas, que na verdade só existem para que você tenha essa liberdade de pensar a história como você bem quiser. O autor pode até ser responsável pelo texto concreto, mas a entrelinhas só são possíveis graças ao esforço intelectual de quem está lendo.
Bem, mas eu estava tentando falar de como me sinto no ato da leitura. Eu até sei, mas não consigo explicar. Só sei que é bom. É como se uma força me prendessem não só aquelas diversas folhas impressas, é muito mais complexo, é como se eu fizesse parte agora do conjunto de ideias existentes nelas. E me deixar levar confiantemente, vivendo com a narrativa, sem interessar se isso vai acabar bem ou não, apenas compulsivamente interessada em saber o que acontecerá nas próximas páginas.
E a leitura me proporciona mais que isso. Onde mais eu posso ser o que eu quiser? Só nos livros me sinto livre e ao mesmo tempo obrigada a me inventar ao meu modo, às vezes esse também é o melhor método para se compreender de fato a trama. E o bom leitor é aquele que faz do “ e viveram felizes para sempre” o ponto de partida para se imaginar esse “para sempre” e por que não dizer começar seu “era uma vez” a partir daí?