AMIGAS NUNCA PERDEM O FIO DA MEADA
Hoje passei boa parte da tarde na agradável companhia de minha amiga Rute, sem um minuto sequer em que a conversa desanimasse, ao contrário, nem dava tempo de um assunto chegar ao fim, outro já se interpunha, no meio do caminho enveredávamos por um outro e assim foi. Quatro horas de falação, só interrompida porque foram me buscar. Nesses momentos fico a pensar na empatia, na simpatia, na amizade, em tudo o que nos leva a gostar de certas pessoas e nos sentir completamente à vontade com elas. O que nem sempre é a convivência regular, pois neste caso nunca houve. Nós nos conhecemos ainda em criança, brincávamos juntas, nossos pais eram amigos. Na adolescência fui morar em São Paulo e nos víamos raramente, em geral durante as férias. No entanto, nunca perdemos o fio da meada, a cada encontro era a mesma satisfação e alegria, apesar de não saber os detalhes da vida particular uma da outra. Depois, com o passar do tempo, cada qual se dedicando a suas ocupações, não nos vimos mais durante décadas. Só viemos a nos reencontrar quando voltei a viver aqui. E então a surpresa se deu: passamos a conversar como se tivéssemos estado juntas na véspera! Pulamos os longos anos sem notícia, a vida profissional, o casamento, os filhos crescidos... Isso tudo foi se encaixando aos poucos, em outras ocasiões. Mesmo agora, morando na mesma cidade, não temos o hábito de nos freqüentar, não nos vemos com regularidade. Nossos encontros acontecem sem nenhuma previsão. Pode ser numa festa, no restaurante ou mesmo na rua, onde ficamos horas e horas em conversas sem fim, tendo a certeza de que na próxima semana, no mês que vem ou quem sabe até o final do ano haverá uma outra rodada...
O que nos une, além da empatia, é o grande carinho que temos uma pela outra.