EM LUA DE MEL
Queriam conhecer a neve. Segundo as informações do hotel de Paris, só encontrariam neve na Suíça, em Zurick ou em Sustenpass. Ele tinha esta curiosidade, a neve. Ela logo adorou a idéia da Suíça, pois lá encontraria relógios cuca. Tanta coisa que leu de relógio cuca, tanta leitura romântica de cuco misturado a felicidade, que seu coração bateu diferente, em ritmo de esperançosa alegria que ainda não soubera ter. E foram. Cada um tentando realizar o seu próprio desejo. Desejo em comum não tinham.
Entre outras coisas passaram em frente de uma loja de caixinhas de música e ela entrou sem nem perguntar a ele se podia ou se concordava. A loja pequena tinha a largura da vitrine da rua e as paredes internas eram cobertas de prateleiras com todos os tipos de caixinhas de música, essas delicadezas e perfeições suíças e também relógios do mais diversos tamanhos. Dentro, parecia um lugar de fantasia e sonho. Viram tudo, descobrindo que a lojinha realmente era um encanto. Compraram canivetes vermelhos de mil e uma utilidades. Relógios tipo cuca foram apreciados, cada um mais lindo que o outro, de todos os tamanhos. Ela escolheu levar o maior e que tocava musiquinha de quinze em quinze minutos. Músicas diferentes a cada vez, e lindas. E ao marcar a hora a música era mais linda e um pouco mais longa. E o cuca saia pela janelinha que se abria e ele soava “cucoo!”
Negócio feito, a caixa quadrada tinha uns quarenta a cinqüenta centímetros de altura ou lado. Ali dentro ia o relógio cuco mais lindo do mundo, segundo ela. Ia alegrar todos os seus dias. E foram pro hotel, que ele estava meio aborrecido, mostrando pelo silêncio. Mas nada a tirava da sua alegria conquistada.
Dia seguinte bem cedo, quase perdem a hora do avião. Saíram correndo e ele nem queria levar a caixa do relógio. Ela reagiu e gritou que levava ela mesma, apezar de pesar demais. Até esqueceu no armário o casaquinho branco de luxo com gola de pele cinza parecida de raposa. Lembrou na porta da saída do hotel, mas ele já ia adiante e, morrendo de pena, preferiu carregar o relógio e perder a sua melhor roupa.
Correu arfando até alcançá-lo e houve aí a primeira briga do casal.
Ele andou mais depressa enquanto ela gritava que levaria o relógio, nem que fosse só ela mesma a levar. E assim foi no taxi, no avião, até a volta ao Brasil e a chegada a casa.
“Ela conquistou o silêncio eterno dele, mas também conquistou a alegria de ver o cuco sair pela janelinha, e ouvir aquela musiquinha linda todos os vinte anos seguintes”.
Queriam conhecer a neve. Segundo as informações do hotel de Paris, só encontrariam neve na Suíça, em Zurick ou em Sustenpass. Ele tinha esta curiosidade, a neve. Ela logo adorou a idéia da Suíça, pois lá encontraria relógios cuca. Tanta coisa que leu de relógio cuca, tanta leitura romântica de cuco misturado a felicidade, que seu coração bateu diferente, em ritmo de esperançosa alegria que ainda não soubera ter. E foram. Cada um tentando realizar o seu próprio desejo. Desejo em comum não tinham.
Entre outras coisas passaram em frente de uma loja de caixinhas de música e ela entrou sem nem perguntar a ele se podia ou se concordava. A loja pequena tinha a largura da vitrine da rua e as paredes internas eram cobertas de prateleiras com todos os tipos de caixinhas de música, essas delicadezas e perfeições suíças e também relógios do mais diversos tamanhos. Dentro, parecia um lugar de fantasia e sonho. Viram tudo, descobrindo que a lojinha realmente era um encanto. Compraram canivetes vermelhos de mil e uma utilidades. Relógios tipo cuca foram apreciados, cada um mais lindo que o outro, de todos os tamanhos. Ela escolheu levar o maior e que tocava musiquinha de quinze em quinze minutos. Músicas diferentes a cada vez, e lindas. E ao marcar a hora a música era mais linda e um pouco mais longa. E o cuca saia pela janelinha que se abria e ele soava “cucoo!”
Negócio feito, a caixa quadrada tinha uns quarenta a cinqüenta centímetros de altura ou lado. Ali dentro ia o relógio cuco mais lindo do mundo, segundo ela. Ia alegrar todos os seus dias. E foram pro hotel, que ele estava meio aborrecido, mostrando pelo silêncio. Mas nada a tirava da sua alegria conquistada.
Dia seguinte bem cedo, quase perdem a hora do avião. Saíram correndo e ele nem queria levar a caixa do relógio. Ela reagiu e gritou que levava ela mesma, apezar de pesar demais. Até esqueceu no armário o casaquinho branco de luxo com gola de pele cinza parecida de raposa. Lembrou na porta da saída do hotel, mas ele já ia adiante e, morrendo de pena, preferiu carregar o relógio e perder a sua melhor roupa.
Correu arfando até alcançá-lo e houve aí a primeira briga do casal.
Ele andou mais depressa enquanto ela gritava que levaria o relógio, nem que fosse só ela mesma a levar. E assim foi no taxi, no avião, até a volta ao Brasil e a chegada a casa.
“Ela conquistou o silêncio eterno dele, mas também conquistou a alegria de ver o cuco sair pela janelinha, e ouvir aquela musiquinha linda todos os vinte anos seguintes”.