Sobre a violência que habita em mim
Para mim escrever num dia como o de hoje em que senti tanta violência, veneno e ira dentro de mim - e tornar tudo isto público, é como uma tentativa de alcançar o domínio necessário para não mais perder o auto controle. Sim, porque após as tempestades, sempre me acalmo até que nova tempestade se principie e tudo se repita, já que os sentimentos e erros do passado ficam apagados. Mas, registrá-los, permite-me que sejam avaliados e reavaliados todo o tempo, e assim, sejam previstos e evitados quando se apresentarem outra vez sem avisos.
No entanto, após todo este preâmbulo, o pudor ainda tolhe-me o gesto de tirar a máscara social e deixar à mostra o monstro que coabita em mim. Dizem que a melhor maneira de resolver um problema é dividi-lo em partes - esquartejar o boi ...
Não vou conseguir... não agora, não aqui...
Noutra hora, reedito e completo este texto - ou não - afinal todo mundo tem de degladiar diariamente com duas grandes forças que movem a civilização que são Eros (amor) e Tanatus (morte) - e não é preciso acrescer mais os meus dramas pessoais ao do leitor pois este drama é inerente a todos os seres.
Por isso, basta-me neste instante saber que a máscara social prevalesce todo o tempo, o que significa que conservo ainda o controle sobre meus arroubos, iras e loucuras, e reconhecendo meus "monstros" eles não poderão me destruir.