Minha mãe é uma jóia

Minha mãe sempre foi um punhado generoso de açúcar nas

amarguras da minha vida, um sopro de alívio nas efervescências dos

meus desatinos, a mola que se instalou, voluntariamente, no fundo

do meu poço. Minha mãe sempre foi o minuto a mais, antes das minhas

precipitadas decisões, e o minuto a menos, na pressa que me conduzia

às armadilhas da estrada. Poupa-me nos minutos a mais, salva-me

nos minutos a menos.

A única coisa que passa da medida é o excesso de zelo e de

preocupação, devido ao seu exagerado e transbordante amor.

Minha mãe sempre foi minha âncora nos dias de tempestade;

a bússola de amor, indicando o caminho mais prudente e a saída dos

labirintos. Minha mãe sempre foi a direção exata e o silêncio preciso; a

mão que guia e que defende; o olhar que encoraja e que adverte;

meu leme, meu escudo, meu porto-seguro; o salva-vidas para meus

“barcos furados” (que foram muitos)!!!

Minha mãe é mais que uma leoa que, em defesa das suas crias, é capaz de arriscar a própria sorte!

Minha mãe, por muitas vezes, sacrificou-se frente a linha de

batalha, na ânsia de poupar seu pelotão das artilharias do destino.

Minha mãe, ao contrário do poeta, nunca teve coragem de lançar

suas flechas aleatoriamente para encontrarem o alvo da vida, e, talvez

por isso, seja tão difícil desenroscar-me da proteção do seu arco, da

segurança indescritível dos seus abraços.

Minha mãe, como poucas na Terra, contornou as linhas do meu

destino em sacrifício a sua própria caminhada, velando meus sonhos

com a sua luz e afastando qualquer pesadelo com sua fé.

Minha mãe foi, e sempre será, minha fada madrinha. Uma

fada de óculos, diabética e magrinha, mas que enxerga longe; mais

doce que torta flambada de caramelo e sempre disposta a correr atrás

das ameaças que assolam meu dia a dia.

Minha mãe é muito mais que uma mãe: é uma insuperável

amiga, uma insubstituível professora e uma incansável guardiã das

minhas memórias. É a versão atualizada daquelas Madonnas de

antigamente, que aparecem nos retratos agarradas aos filhos, estando

os mesmos necessitando de colo ou não! Minha mãe é como aqueles

valiosos tesouros que a gente esconde do mundo guardando tamanha

preciosidade à sete chaves: a chave da dedicação, da gratidão, do

respeito, do carinho, da admiração, da generosidade, e, principalmente, do amor recíproco e incondicional que entrelaça a

união perfeita das nossas almas.