Televisão: uma faca de dois gumes

Trabalhar numa emissora de televisão, atuando em frente às câmaras, quem não gostaria? É uma oportunidade que poucas pessoas desfrutam, mas assim como pode trazer muita alegria, realização profissional, sucesso, por outro lado, pode ocasionar mágoas, frustrações muito sérias, principalmente quando se chegou ali via paraquedas, isto é, apresentado por alguém ou através de um concurso relâmpago, quando tal pessoa teve seus minutos ou dias de fama, sucesso fugazes.

E não adiante procurar julgar quem é o culpado desta situação, tentando descobrir porque umas pessoas conseguem uma estabelização e êxito profissional nesta área e outras não. Algumas crítica infundadas denominam esta situação como injustiça, preconceito, nepotismo, o que muitas vezes faz sentido ou não. Dependendo do caso. Mas, o que se percebe,de vez em quando, é o seguinte: um determinado ator ou atriz, jovem ou não, por razões totalmente desconhecidas do público, alcança um sucesso repentino, isto é, explode tal qual um foguete, saindo do anonimato e, tão logo termina a sua participação naquele trabalho na telinha, implode, automaticamente, voltando à sua origem humilde, simples, sentido o sabor da popularidade, do sucesso se esvair, lentamente.

Neste caso, quando as pessoas em questão são bem orientadas pela família ou amigos, talvez até consigam reestruturar um novo plano de vida, investindo em outra atividade paralela ou não, que lhe traga satisfação, prazer, retorno financeiro. Aí sim, não sentirão tanto o baque do esquecimento do público, da frustração pelo seu desaparecimento da televisão.

Porém, quando ocorre o contrário, por exemplo, a pessoa foi desligada do meio artístico, por motivos alheios à sua vontade e, imediatamente só encontra cobrança, crítica, deboche quanto a sua rápida passagem pela televisão, é perigoso se afundar numa depressão, impedindo tal pessoa se erguer em outro campo profissional, pois fica só sonhando em um dia voltar a atuar naquele meio pelo qual passou um rápido período. Neste caso, a falta de maturidade, de apoio, iniciativa e algo mais, tudo isso corrobora para a sua frustração em todos os sentidos.

E sendo assim, chega-se a comparar o trabalho, a participação num programa, numa novela na televisão como uma faca de dois gumes. Ela tem a capacidade de tirar, de uma hora para outra alguém do anonimato para o estrelato, num ambiente repleto de luzes e microfones e num piscar de olhos, devolvê-lo ao seu convívio isento de tudo isso, quando o seu curto contrato acaba ou então a sua capacidade profissional for questionada.

Este tema veio à tona, quando o filho do Mussum, fazer parte em uma novela numa emissora de televisão e rápidas apareições em outros programas, começou a sofrer de uma depressão, vivendo este dilema que é a cobrança da volta ao trabalho num ambiente, onde o seu pai fez tanto sucesso e ele parecia seguir o mesmo caminho e, no entanto, foi jogado para escanteio e até agora vive de ilusões e frustrações. Mas quem sabe, um dia melhor, ele encontrará forças para dar a volta por cima. Que Deus o projeja!