Cale o seu amor...
Antes de começar quero avisar que eu odeio falar sobre o amor. Sendo mais específico, eu odeio falar sobre aquele amor incondicional que pode existir entre duas pessoas, por isso preparem-se para discordar do que vão ler.
Definir o amor, de um modo geral, é a coisa mais fácil do mundo. Amar é se importar com o bem estar alheio, é ajudar sem se importar em receber nada em troca. Pode parecer coisa de gente idiota ou inocente, mas o amor é assim mesmo: Idiota e inocente.
Quando uma pessoa que ama sente não apenas esse carinho magnífico do amor, mas também um desejo crescente de fazer parte da vida da pessoa amada, esse amor se torna diferente. Alguns chamam de amor verdadeiro, outros já intitularam de alma gêmea, acho divertido o termo “cara-metade”, mas pessoalmente eu chamo só de amor incondicional, por que define bem esse amor. Não tem condições, nem limites, nem nada. É cego, surdo, mudo e acima de tudo burro... Acho que burro é até uma palavra leve pra definir ele, é estúpido mesmo, praticamente um deficiente mental.
Pra mim, e estou sendo totalmente cabeça fechada e dura agora, não existe essa de “Já amei muito Fulano de Tal, mas hoje quem eu amo é Sicrano das Tantas...”. Pra mim amor é um só. Eu acredito que uma pessoa pode até sentir o carinho da amizade misturado com a ardência da atração e se enganar pensando que aquele era um amor incondicional... Eu acredito que só se ama incondicionalmente uma pessoa em toda sua vida. Aquela pessoa que nunca mais vai sair da sua cabeça, aquela que você nunca vai esquecer e sempre vai lembrar pelos motivos mais idiotas, vai tirar noites de sonos e te embalar em descansos profundos, vai te fazer se sentir realmente vivo... E te matar pouco a pouco.
É... Sei que talvez meu ponto de vista sobre o amor esteja sendo precipitado, infantil e talvez até utópico, mas se fosse verdade você não estaria se identificando com minhas palavras agora.
Uma das coisas que minha cabeça dura não consegue aceitar são pessoas que dizem “Eu te amo...” aos trancos e barrancos, chegando a capotar nas palavras nem ao menos entendendo seu real significado. Outra coisa que não entendo são pessoas que ainda possuem a audácia de dizer que amam mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Esses pseudo-poligâmicos de uma figa...
Apesar de tudo fico quieto. Por quê? Bom... Quem sou eu pra dizer o que é o amor ou como as pessoas devem amar? Existem aqueles que sofrem mais que os outros, os que sorriem e aproveitam mais o amor, os que superam com facilidade, os que gritam o amor aos quatro cantos do mundo, os que engolem as palavras com medo... Existem tantos, mas de uma coisa tenho certeza, todos sorriem, todos choram, todos superam, todos admitem, todos escondem... Todos amam.
Isso me leva a uma conclusão simples: Cada pessoa ama ao seu modo. Talvez alguns mais tortos que outros, mas isso não diminui (muito) o amor. Pena que eu não consiga aceitar isso, por que pra mim, infelizmente, eu amo uma pessoa só... E isso pra mim não tem volta.
O grande Gabriel García Márquez escreveu uma vez: “O coração tem mais quatros que uma pensão de putas.”, se for assim então cada um dos meus quartos possui alguma coisa que me lembre ela. Uma mancha na parede, uma fita jogada por cima da cabeceira, uma mecha de cabelo, um quadro com maldito sorriso, uma palavra, uma nome, uma sílaba, uma letra... Se eu pudesse enfiar uma faca no meu peito, abrir minha caixa torácica, destrinchar meu coração e fazer uma busca minuciosa por todos esses malditos quartos pra incinerar cada um desses pedaços, por mais que eu ficasse tetraplégico, eu faria! Ah Deus! Eu faria com todo o prazer, ódio, felicidade, tristeza, amargura, compaixão, nojo, excitação, desejo, desprezo e incontáveis outros sentimentos que ela já me causou (e ainda causa). Depois também precisaria fazer o mesmo no cérebro, por que qualquer mínima lembrança dela já faria com que eu a amasse outra vez com toda a força e presença de antes. Depois teria que mudar de país, continente, planeta, existência ou dimensão pra que não houvesse uma mínima chance de me esbarrar com ela novamente.
Antes que essa merda de crônica-desabafo (ou seja lá o que for que isso aqui se tornou) fique ainda mais pessoal vou logo passando a mensagem final. Sempre que você começar a sentir que está gostando de alguém, pare e pense não duas, mas quinhentas mil vezes. Compare o que você sente agora com qualquer coisa que você já tenha sentido antes pra ter melhor certeza do que sente... E se por algum segundo você duvidar do que sentir... Cale essa merda desse seu falso amor! Quando você ama você sempre tem certeza, não há dúvidas! Se duvidar é por que não ama.
Um “Eu te amo.” errado pode condenar vidas, por isso não saia dizendo essas palavras à toa. Guarde-as para quem realmente importa e vá ler um livro pra aprender a demonstrar seus sentimentos pelas outras pessoas com outras palavras não tão fortes. O amor é um sentimento forte demais pra ser abusado por pessoas que não entendem. Se não sabe o que é amor não diga que ama, vá aprender mais sobre ele e pare de vulgarizar um sentimento tão lindo.