AMIGO (UMA CRÔNICA SOBRE A AMIZADE...E O TEMPO ) Versão Definitiva
Dentro da Espera, a Esperança__ brilha!__ Maior...
PENSAMENTO
Há muitas virtudes : a Bondade, o Amor, a Generosidade.
Uma delas, a Amizade, é a que nos faz ultrapassar qual -
quer fronteira.
Porque o Amigo ___O Amigo Verdadeiro ___ não só Ama
em Todo o Tempo. Isso é Comum e próprio à Amizade. O
Grande Valor de um Amigo ___ é que ele, com sua ajuda,
nos permite ir Mais Longe !...
Por isso não há "Morte", do eco inoco da Alma o Amigo
(tocando a corda do violão da vencida Distância ) __ o A-
mor faz perto todo o Distante___o Amigo ___Alma do Va-
lor Plural do Amor Preciso, Sempre existindo com tempo e
eternidade, com faces de olhares contíguos, dentro do
Horizonte ___com luar de presença (em eterno "continu-
um") presença que não esconde___nos responde !___
Com as camadas luminosas da Pintura de Alma, Peixe Vi-
vo do Ontem e Hoje ___ sempre em escamas encanta-
das e olhar azul de Alvoradas Desdobradas___ Último e
sempre Primeiro ao tempo ultrapassa ___ da linha Vida
traça, e...nos...(é Vida !...) Eterniza!...
Villar nos deixou muito cedo. Antes de construir uma
(mais ) sólida Biografia. Era um Poeta que gostava de fa-
lar muito de Deus em seus Poemas.Era,de igual modo,um
bom Amigo e lembro sempre dele comigo levando longos
"papos" de fios enrolados e desenrolados diretamente de
um Orelhão ( telefone público que tem acústico formato
de orelha, muito comum ___assim conhecido ___no Rio).
Recém casados, eu e a esposa, o recebemos na nossa
pequenina casa de subúrbio carioca ( terra de Samba de
Raiz! ).
Diz-se que os Poetas descem ao "Inferno" (não o mi-
tológico Inferno Cristão, aquele que faz de Deus o Tortu-
rador Todo Poderoso ( com Problemas de Identidade ___
Todos os Torturadores o têm, procurando sua face ver-
dadeira na Dor Alheia. ___ que era típica ideologia da Ida-
de Média )___mas o "inferos" ___O MUndo Inferior onde
todos os contrates ___Bem e Mal, Felicidade e Tragédia
ganham a sua definitiva significação explicativa ___ e on-
de estão as coisas a serem criadas que têm que passar
pelo Homem, por suas mãos ___ também divinas __ ga-
nhando suas tintas definitivas. E, então, eles voltam...
Voltam para relatar o que viram.
Mas o Amor também pode fazer isso.
E a curta e expressiva vida de Carlos Villar nos diz Is-
so.
Um acidente levou Villar, e com ele aprendi que a úni-
ca Biografia é Amor presente ( a que importa, a que é
verdadeira___dentro está do Coração: essa Fonte Aber-
ta). E que sempre nos cumula com mais Vida, como ver-
dadeiro espelho a preservar a Alma ___ com luz de Eter-
nidade(s)!
AMIGO
ao Poeta Carlos Villar
E recebemos o amigo e era Páscoa. O amigo senta-
do desfrutou de si e desfrutamos de nossa tenda. Ar-
mada no luxo querido da simplicidade. Fora, tanto sol,
tanta sombra. Sede e tanta, o silêncio. Antes viera
um outro amigo que demorou pouco que era manhã e
implodiu reserva doméstica, desatando convivência
água e palavra. Quer era de manhã, deu adeus.A vi-
la vivia domingo, que seria sempre o domingo das flo-
res. Os homens jogavam baralho, brincavam de espa-
ço a espaço as crianças, jogavam substantivas pala-
vras as mulheres no adjetivo dia. Só sem ser preciso,
O dia era o amigo no claro aspecto do respeito. Lógi-
ca Oração, pedaço de um, de outro, mundos estra-
nhos vivos no amigo. O amigo não trouxe ervas pre-
ciosos presentes sobrenaturais sobrancerias ou ri-
tos simbólicos___ que não fossem o razoável,___ o
compreensível___ o crível céu na terra,___ numa vés-
pera de Páscoa.
Domingo de vila, um sábado. A luz forte das flores
ou fracas, ou materiais. Quer seja unguento, quer
refeição seja regular e providente ___toalha posta a
mesa, necessidade posta correta satisfazendo. Ato
de comer bendizer bem-querer. O amigo vinha, e ve-
io.Está sempre vindo, porque mora num desvão do
Tempo. Lá onde fomos/somos/seremos ___ sempre
felizes!
(E fomos muito felizes!...)
Veio pelo telefone; veio pessoalmente. Subiu e
desceu nossas escadas, fez escalas demoradas en-
tre falares e silêncios na timidez desta casa ( às ve-
zes exuberante!). A vila é calma de tempo mar ___
são casas de subúrbio, vizinhas flores, e as nossas
pertencentes à visão espiritual deles,os vizinhos, bu-
cólica ou amena ___ sintoma de trabalho em vírglula,
gosto gostoso de ver,reverter, rever ___regar ___cri-
aturas da cor, é a flor ___seu conjunto. Gratuidade
às vezes folhagens de vê-las sabendo existirem. Fato
prático ou cheio de relevância no que nos cobre,
intersticial (raízes suspensas; como fiação do coco )
alma.
O amigo é inteligente, calmo, meditativo. Sensí-
vel cortou, magro, a distância e que era a primeira
vez que nos visitava. Perdido pela numeração que
pulou estranhamente das casas, ( o progresso e as
disposições administrativas ) telefonou e fui bus-
cá-lo. E procurava do outro lado da Estrada e quan-
do apareci nos vimos diante de meu lugar, minha
morada.Perdera-se diante do próprio encontro.
A Amiga preparara refeições intervalantes a agra-
dar a presença. E boa e meiga esteve com o amigo
como eu estive. Mostrei a casa, o amigo consultou
a biblioteca. Falou calmo de algumas apreensões,
alguns aforismas ( "não há nada menos poético do
que um poeta !") ___ o amigo é poeta, recitou pre-
ferências, mostrou belos poemas ___ às vezes o si-
lêncio era grande.
Comemos. Comemos pudim, bolo. Comemos uma
"pizza" que ele salpicou de mostarda e éramos gran-
des e pequenos; como o grão da mostarda.Bebemos
refrigrantes, pedimos a Deus beneplácito, bondade,
aceitação. Pedimos bens.
Isso demorou a distância de um sol de meio dia
atirado às bordas da noite. Chegou a noite; " e o
amigo ama em Todo o Tempo". O que lembro de ter-
mos comentado foi a delícia do pão. A Amiga falan-
te ou silenciosa dava de si desde o silêncio até nós
todos reunidos. E lemos alguma coisa, rimos,_rimos
de verdade!... Comentamos parte de nossas vidas.
O amigo quis escutar música clássica; não tinha.
Apreciou então alguns L.Pês Evangélicos, e gostou
e gostando abria o silêncio de alma sensível para o
invisível. Às vezes é difícil pra mim mediar a luz so-
bre pessoa à luz pessoa toda. E eu faço silêncio. E
movo-me caramujo. E pés deslizam e nuvens co-
brem os braços, a cabeça, que se mexem muito. Os
atos de plantar vivendo ,semeando o tanto de espa-
ço vêm florescer não só nesta Vila ___represa de so-
luções e calma de calmo sol branco de forte, noite,
esquiva que se coalha e forte se faz espessa ("Fica
à vontade; esse dia reservamos pra você; pode pe-
gar qualquer livro da estante, não estão marcados;
a casa é sua!.." Pensando comigo, querendo indicar
e não fazendo ___e era importante : olhe lá uma pri-
meira, a mais brilhante estrela.(Na Amizade, nunca
há oportunidades realmnte perdidas !...) E o céu pro-
clamava pra mais que grandeza___própria lua ape-
nas o pingo de uma bisnaga, tinta encorpada. (Mas
que preenchia, como hoje preenche ,de Puro Amor
todo o céu!) Lua cinza, lua amarela, um ouro que
se sabe apenas___ o vasto Cosmos e a Terra, amar-
gor -doçura e doçura e doçura. Nossa ). O amigo ria
sorria, o esboço de um sorriso, às vezes soluçava o
refrigerante, ainda iria andar, solteiro. Bolsa preta.
Roupas claras ___meditativo sob o céu de "todo o
tempo."
O amigo era Louvor.Trazia Deus, saltava à frente
da arca, arca viva das pessoas, distinto, sem so-
nhos exaustivos, fazendo sonho entre as pessoas,
e educado e amável, e tanto mar como pedra, tan-
to água como flor,___ colorindo amores na despedi-
da.Falando com todos, o amigo tinha a Deus , era
Louvor, Cântico Novo, ser que canta e se adianta.
Sempre se Adianta ! E a promessa se colhe no fu-
turo.
Como deus Vivo no Silêncio entre Tempos !...
Era véspera de Páscoa, como todos os dias, era
retorno.
Levamos eu e a Amiga, o amigo até à porta, pe-
las pessoas à noite, ao portão na localidade só mei-
o escura . E nos abraçamos. E despedimos o amigo,
___amigo em qualquer tempo!___ e como um grave-
to reto e sábio caminhou com seus poderes e sua
força, levando a bolsa negra, suas canetas de dese-
nhar astros humanos, e iluminado dobrou a curva bo-
nita de algumas casas, com luz nas vestes, vendo a
noite a sua frente como fecunda, como promessa, e
deste jeito continuou o chão amigo do amigo.
Ao Villar Querido, esta Escada, um Só Seu
___ Degrau___
neste Patamar de um tempo vivo !
Eternidades!...
SUNNY
26 de março de 1989___Rio
julho de 2010 __Rio (-ETERNIDADE!)
!...)