CAPACIDADE. FORMAÇÃO. O EXAME DE ORDEM NA OAB.

Poucos bacharéis de antigamente fugiriam da reprovação do humilhante exame de ordem que barrou a habilitação de inúmeros pretensos advogados data um mês através do exame de ordem da OAB nacional.

Envergonha citar os números nacionais. Mas os sites também revelam essas incapacidades. Já constatei entendimentos absurdos de quem se diz advogado dissertando sobre o que não sabe, ou sabe erradamente,como pronúncia, mas há advogados e advogados, alguns com manifestação que espancam a língua em solecismos, barbaridades mesmo.

Pedir singela definição do que seja constituição é tarefa de fôlego para os “advogados”. Nada de conceituação por espécie ou formação estatal, trata-se de simples definição, rudimentos. Isto é lamentável e demonstra e mostra a profissionalização no Brasil. Beira o niilismo profissional e resulta em certeza claríssima pelo que se constata.

Alguns conseguiram carteiras (habilitação formal) por inexistir antes o bem vindo exame de ordem.

Capacidade é condição inerente ao conhecimento da atividade ou profissão que se desenvolve, e do conhecimento geral, do que se passa no mundo, história, fruto de formação, de estudo disciplinado, onde é partícipe o talento, se existente, o que não é indispensável. É a capacidade, guardada a semântica e a etimologia, similar ao sucesso, e praticamente sinônimo, pois da capacidade e do conhecimento chegam primeiramente a consecução dos objetivos e, de conseqüência, o reconhecimento, o acato, a exaltação como também os bens materiais que o incapaz não tem acesso por dons (capacidade) que lhes falta.

Não têm condições de viver com reposição razoável de sua profissão, de sua atividade. Formou-se ou estabeleceu-se para nada. É a incidência do niilismo profissional. É imenso esse universo, gigantesco.

Isso foi e é a triste realidade e uma verdade no Brasil, com indicadores maiores e menores conforme as épocas e as profissões. No nosso país, o mercado foi invadido pela ausência de capacidade, o que derramou a incapacidade e a incompetência em todos os setores, principalmente no bacharelismo.

Inúmeras pessoas vivem de outras atividades que não de suas possíveis formações “superiores” por total falta de capacidade, de estudo e vocação. As universidades, com raras execeções, não socorrem a situação.Muitos se dizem advogados, e mal conhecem seu veículo, a língua portuguêsa. Se não prejudicam clientes, o que é difícil de não acontecer,como já constatei multiplicadas vezes como magistrado e consutor jurídico, ótimo.

É a triste história da formação superior no Brasil, de educação enfim.

Neste universo desponta o bacharelismo de então e de agora, com deficientes profissionais até hoje espalhados em setores distantes ou próximos da advocacia. Poucos viveram ou vivem desta formação que conheço de perto.

Isto aconteceu também em outras áreas com menor intensidade do que hoje como na medicina e engenharia. Os desqualificados para essas formações não logravam ultrapassar os vestibulares antigamente, ficavam pelo caminho. Se existissem as faculdades de periferia de hoje, pagas, muitos estariam na mesma situação do bacharelismo em que apostaram antigamente, nas atividades de medicina, engenharia e outras de difícil ingresso nessas épocas passadas, mas seriam absolutamente incapazes e incompetentes como acontece na atualidade com o bacharelismo e em outras atividades.

Piora hoje o quadro conforme avaliação do último exame de ordem da OAB, feito recentemente. Agigantam-se os quadros de diplomados ainda que barrados pelo órgão de classe, felizmente não têm “carteirinha” como era possível antigamente.

Capacidade e formação sérias que levam ao sucesso são dons de poucos. É necessário muito estudo na advocacia e muita leitura, conhecimento de todas as áreas. Não se dá um só passo em sociedade sem que o direito esteja presente, pois querendo ou não vivemos pautados sob regras, direito como ciência.

A história dos bons profissionais é história de estudo de toda uma vida; por prazer e amor ao ofício. Sem erudição um advogado não obtém recepção em seu meio, não se capacita. Sem cultura geral, circular, enciclopédica (em círculos), muito menos. Um advogado não é um empresário que pode ser empreendedor, um tocador de projetos e não tem cultura.

Mas o “blefe” está imperando em todas as atividades distanciando-se da virtude profissional, e é bem visível, conforme constatado no exame de ordem. Esperamos que a educação, sempre ela, principalmente no nível universitário, tenha melhor destino.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 22/07/2011
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T3111341
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