Amor em Tempos de Caos
Ás 14h20, no aeroporto de Salvador, o caos era absoluto. Filas, desinformação, atraso de vôo e compromissos perdidos. Tiago não agüentava mais tanta falta de respeito e foi até o guichê da empresa aérea para reclamar. Sabia que a atendente no balcão não tinha culpa, mas precisava exigir os seus direitos ou ao menos uma informação precisa de quando o seu vôo sairia. Outras pessoas tentaram a mesma coisa, mas em vão. Taís era uma delas, tentou, exigiu, quase chorou, mas as atendentes pareciam estar na mesma situação que todos os outros passageiros: total falta de informação e consideração.
- Isso é um absurdo – ela disse para o rapaz que estava ao seu lado também reclamando.
- Falta de respeito – respondeu Tiago
- Se essa confusão rola aqui em baixo, imagina lá em cima.
- Verdade! Olha, tenho até medo de voar, sabia?
- Eu também. Se houvesse outro meio de viajar, mas experimenta pegar a estrada. É um caos maior ainda.
- Nem me fala. Além dos buracos, o risco de assalto é constante.
Por alguns instantes, eles ficaram se olhando, percebendo o quanto eles eram atraentes e voltaram a falar:
- Bom, foi bom reclamar com você.
- Senti o mesmo. A gente se esbarra no ar...
- Isso se a gente voar... – concluiu Taís rindo, querendo continuar o papo, mas se ao menos eles estivessem em outro lugar. Tiago sentiu a mesma coisa. A menina era mesmo um avião que ele não queria perder, mas eles se conheceram no pior lugar possível... ou não.
- Bom, quer tomar um café? Estamos presos aqui mesmo. – ele sugeriu.
- Claro! A propósito, meu nome é Taís.
- Eu sou o Tiago.
Ás 16h30, o primeiro beijo interrompeu o papo que fluía naturalmente. Fora da lanchonete , o caos continuava com os milhares de passageiros tentando sair dali . Lá dentro, pelo menos para Tiago e Taís, eles não poderiam estar em melhor lugar.
Frank
http://cronicasdofrank.blogspot.com/
Notas do Autor: Essa crônica foi baseada na história real de Tiago e Taís que ocorreu no aeroporto de Salvador. A notícia saiu no Estado de São Paulo, caderno Cidades/Metrópole, pág C4 (06/12/2006)