PREÂMBULO...

O rubor do crepúsculo foi realçado por misteriosa aura oscilante e

uma miscelânea sobrenatural abraçou o momento.

Pela tendência de uns olhos de avelã o estigma sublimou o cerimonial.Hinos místicos ecoaram suavemente em sintonia com uma miríade em sinos de cristal,tilintando no carrilhão do tempo.E em torno

desta sinfonia angelical,vestígios de nardo,sândalo e mirra balsamiza -

vam o ar.

Então pelo zênite vieram aos pares,anjos em trenós de prata,puxa-

dos por renas de luz...dúzias de flechas lançaram raios estelares os quais cruzaram a imensidão numa chuva de minúsculos diamantes.

Do mosaico translúcido de um templo,vertiam fontes de conchas,co

rais e pérolas,luzindo pelo espelho d'água em reflexos avulsos de pe -

dra ametista e quartzo.E do seio da floresta de abetos,brotaram madressilvas,miosótis e pétalas de rosa,amparadas pelos braços da relva orvalhada.

Mais adiante,campos de trigo e girassóis inclinavam-se com a carícia da brisa,em meio a acácias amarelas e pessegueiros em flor.

Pelo manto estrelado,a lua cheia sobressaía-se como broche incrustado ao acaso...o talismã dos Magos e farol que ilumina as noites adormecidas na insônia deserta.

Daí a instante na clareira dos ciprestes,iniciou-se o mantra sagrado

em runas de celebração universal.Sussurros em um cântico antigo,evo -

caram a memória nostálgica de civilizações evoluídas no simpósio da beleza etérea,onde não há carne,somente espírito...e olhares invisíveis

trocaram eflúvios em uníssono.

Era a epifania do encontro natural das lendas.O ofício dos Guerreiros

Celtas e Sacerdotisas do Vento,levitando pelo vértice da intuição e do

amor.Essa seiva enigmática que rege filósofos e poetas...

Então aos poucos os olhos de avelã romperam o elo que interliga a es-

fera dos imortais,ao íntimo daqueles que trazem o legado da solidão.

É que esta jornada fora um breve idílio na epopéia que a poetisa ou

sou tecer...pelo pórtico da imaginação.

Laura Di Paula
Enviado por Laura Di Paula em 21/07/2011
Código do texto: T3109479