PREÂMBULO...
O rubor do crepúsculo foi realçado por misteriosa aura oscilante e
uma miscelânea sobrenatural abraçou o momento.
Pela tendência de uns olhos de avelã o estigma sublimou o cerimonial.Hinos místicos ecoaram suavemente em sintonia com uma miríade em sinos de cristal,tilintando no carrilhão do tempo.E em torno
desta sinfonia angelical,vestígios de nardo,sândalo e mirra balsamiza -
vam o ar.
Então pelo zênite vieram aos pares,anjos em trenós de prata,puxa-
dos por renas de luz...dúzias de flechas lançaram raios estelares os quais cruzaram a imensidão numa chuva de minúsculos diamantes.
Do mosaico translúcido de um templo,vertiam fontes de conchas,co
rais e pérolas,luzindo pelo espelho d'água em reflexos avulsos de pe -
dra ametista e quartzo.E do seio da floresta de abetos,brotaram madressilvas,miosótis e pétalas de rosa,amparadas pelos braços da relva orvalhada.
Mais adiante,campos de trigo e girassóis inclinavam-se com a carícia da brisa,em meio a acácias amarelas e pessegueiros em flor.
Pelo manto estrelado,a lua cheia sobressaía-se como broche incrustado ao acaso...o talismã dos Magos e farol que ilumina as noites adormecidas na insônia deserta.
Daí a instante na clareira dos ciprestes,iniciou-se o mantra sagrado
em runas de celebração universal.Sussurros em um cântico antigo,evo -
caram a memória nostálgica de civilizações evoluídas no simpósio da beleza etérea,onde não há carne,somente espírito...e olhares invisíveis
trocaram eflúvios em uníssono.
Era a epifania do encontro natural das lendas.O ofício dos Guerreiros
Celtas e Sacerdotisas do Vento,levitando pelo vértice da intuição e do
amor.Essa seiva enigmática que rege filósofos e poetas...
Então aos poucos os olhos de avelã romperam o elo que interliga a es-
fera dos imortais,ao íntimo daqueles que trazem o legado da solidão.
É que esta jornada fora um breve idílio na epopéia que a poetisa ou
sou tecer...pelo pórtico da imaginação.