UM FUTEBOL ARCAICO E SEM EMOÇÃO.
Quem diria algumas décadas atrás que o nosso futebol sul americano fosse se tornar tão defensivo e tão distante das nossas expectativas?
Há algum tempo publiquei matéria sobre a fase da entre safra do nosso futebol, destacando no cenário brasileiro alguns poucos jogadores que merecem elogios em face do talento. Na época, citei apenas três: Neymar, Ganso (ambos do Santos) e Lucas (do São Paulo).
Hoje, depois da Copa América, cuja realidade mostra dois times na final que representam a marcação e a garra (Uruguai e Paraguai); posso afirmar que mesmo o trio em questão, não pode ser exaltado como detentores da condição de craques. Não desequilibraram e não conseguiram sair da retranca adversária, através de jogadas individuais que pudessem lembrar os nossos craques do passado.
O momento é de reflexão. Temos uma Copa do Mundo no Brasil em 2014. Ocorre que, além dos percalços logísticos com a preparação do país para a vitrine mundial, não enxergamos de forma mediata nenhuma expectativa de montarmos uma grande seleção, em face dessa falta de talentos.
Creio que essa sede dos jogadores de enriquecerem e se tornarem celebridades milionárias de um instante para outro, tem tirado dos brasileiros a oportunidade de acontecerem apresentações no elenco canarinho como ocorreram em outros mundiais. Num deles, com craques como Zico, Falcão, Eder, Júnior e outros, nem trouxemos o caneco, mas ficou a sensação de que tínhamos o melhor futebol no Globo.
Infelizmente, hoje, a nossa seleção brasileira, pelo andar da carruagem, em face dos seus resultados medíocres e o insucesso tanto na última Copa do Mundo como na Copa América, está levando os brasileiros a ficarem reféns de um futebol especialmente tático e sem graça, em detrimento do futebol vistoso e de grande potencial ofensivo. Tudo leva a crer que teremos de nos acostumar com a falta de gols, já que não temos mais atacantes de nível de Romário, Ronaldo e muitos outros que figuraram no elenco canarinho.
A Copa América em curso é o espelho dessa realidade da América do Sul, já que estamos vendo um cenário lúgubre e sem coloração, enquanto observamos no Primeiro Mundo um Barcelona, um Real Madrid e até uma seleção (a Espanha), que estão brilhando muito mais do que nós que já figuramos em nosso Universo como uma constelação, mas, hoje, não passamos de uma estrelinha sem brilho que só pode ser vista em noite bem escura e por expectadores apaixonados que tenham inspiração, pois, os nossos holofotes carecem da energia vital que costumamos chamar de gols.