O CHATO
Quem tem um mínimo de desconfiômetro, sabe que, em certos dias, nem a gente se aguenta. É o dia em que falamos demais, nos irritamos por qualquer coisa, damos palpites nas ações dos amigos. Conclusão: estamos chatos! Todos nós temos um dia de chato. Mas existem aqueles que são chatos todos os dias. São os chatos natos. Nascem e morrem chatos. São aqueles que não se tocam de maneira alguma, por mais que a gente dê pistas. Tu olhas para o relógio, muda de um pé para outro, vira o olhar em todas as direções e nada. Ele não se manca! Parece vacinado contra indiretas! Começa a falar e não pára mais. Fala tanto que chega a cuspir no rosto da gente. E o que é pior: não te deixa falar e não dá tempo do teu cérebro assimilar a saraivada de informações. Informações? Que nada! O chato não transmite informações, pois ele fala para ele mesmo. Sua profissão, seu time de futebol, sua religião são as melhores e ainda tenta te catequizar. E não adianta tentar interrompê-lo, ele não dá trégua, parece um disco em alta rotação. Ai de ti se resolveres perguntar como ele vai! Ele conta as vantagens do emprego, os problemas da família toda e, de quebra, também a dos vizinhos. Solução? Gritar "pega ladrão" e sair em disparada.