O QUE NOS DÁ A INTELIGÊNCIA?
Parece que temos capacitação infinita de pesquisar, avançar, para mais conhecer sobre tudo que desejamos.
Não é assim. Há um limite. Ele se apresenta intocável. Existem segredos intransponíveis e, creio, assim ficarão.
A inteligência destina-se a ajudar a entender seu ser. Um caminho de enxergar seu ser, ficar dele consciente, não vai além da inteligência. Atinge-se um ponto em que ela, a inteligência, já lhe deu tudo, e não mais pode ir além.
A serenidade está aliada à compreensão alargada. Caminham juntos. Por ela, inteligência, filtramos a falta de controle que habita mentes navegantes da insanidade real e da aparente sanidade. E o fazemos por compreender a ira e as outras desordens da mente. Elas nascem do medo. Da insegurança, enfim, a inteligência no seu limite ainda não se realizou.
As potencialidades estão embotadas por falta de saber cuidá-las. Na maioria das pessoas nunca se realizará. Estão infectadas de soberba, monopólio de verdades, pretensão, mitomanias, sonhos distantes do real, um universo de ficção criado que mente para o ser interior.
O medo precisa da insanidade, é seu falaz escudo.
Precisamos entender nosso medo de enfrentar o mundo e suas adversidades. Necessitamos mergulhar nesse espaço interior que nos movimenta, profundamente, de forma maiêutica, socrática, nos questionamentos acerca de nós mesmos, e enfrentar o pavor de viver a vida com tranqüilidade, sem fugas.
Não vamos além de nossa inteligência, mas podemos chegar até ela, ao menos ao seu vestíbulo, e entender que o bom é originário, embora o mal vença na maioria das vezes. Mas se vence traz a ruína ao seu lado, vence por pouco tempo.
O que necrosa se extingue, não permanece, não frutifica, não enobrece, reside na casa da indiferença e nas batalhas perdidas pela segregação de idéias, fechadas no túmulo do isolamento, portas fechadas à luz.
Muitos vão além da inteligência, praticamente deixando o mundo, mesmo vivos.
Buda certa vez sendo muito insultado por recusar a escritura sagrada hindu, o Veda, ouviu em silêncio os insultos dos brâmanes. Seus discípulos ficaram com raiva de seu silêncio.
Ele disse então aos que o insultavam: vocês têm mais alguma coisa a dizer, eu volto para ouvir, tenho que ir a outro lugar. Alguém lhe disse: não estamos dizendo nada, estamos condenando você. Respondeu Buda: “Vocês chegaram tarde demais, tivessem vindo dez anos atrás, quando eu era insano como vocês, não teria sobrado ninguém vivo aqui”.
Dez anos atrás o Buda era o Príncipe Sidarta Gautama, versado nas artes de guerra, invencível com a espada na mão, podendo lutar contra muitos e degolá-los com rapidez.
E ele concluiu, “não posso mais reagir”.
Estava esclarecido, de nada mais tinha medo, não era inseguro, não precisava vociferar ou bradar incompreensões. Foi até mais do que a inteligência lhe deu, foi além. Podia tudo compreender.
Se alcançamos um mínimo de nosso potencial de inteligência podemos viver melhor, com nosso interior e com os próximos. O Principe Sidarta se iluminou, isso significa Buda, iluminação pela reeducação da atenção, não teve mais medo, como o florescimento supremo de Jesus de Nazaré, que se tornou o Cristo, o Filho de Deus, e foi absoluta paz e serenidade.