Verdades Versadas

Eu posso ver a tristeza nos teus olhos. Contudo, lamento, não vou lhe estender a mão. É preciso saber que o amor às vezes é estranho, no sentido de ser [ele] quem controla nossos destinos. Caminhamos esse longo percurso, tão somente, para poder dizer: eu te amo!

Deixamos para trás muitas lembranças que nos fazem sofrer, deixamos também momentos felizes, sorrisos, gestos de carinho, palavras bonitas.

E assim sobrevivemos nesse mundo. Na condição de humano (nossa atual evolução genética) muitas vezes agimos como animais, impiedosos, torpes, fúteis... Somos infelizes. Somos seres vazios.

Fingimos o tempo todo. Queremos amar, mas não sabemos compreender o outro. Somos consumidos pelo marketing violento. Somos consumidores vorazes. Somos ateus, incrédulos. Mentimos constantemente. Vivemos numa sociedade hipócrita, com pessoas medíocres. Gente incompetente.

A culpa é sempre do outro. Não reconhecemos as mazelas em nós mesmos. Queremos o sucesso, muitos querem, com isso, se perdem muitos valores, porque a busca pelo reconhecimento transfere diretamente a falta de ética que existe no poder. Dinheiro é bom. Porém, honestamente, não sabemos usá-lo.

Os que pensam diferente são colocados para fora desse jogo. Os que amam de verdade se enganam com os que não sabem amar. E novamente, estamos aqui, falando no amor.

Eu lamento não poder estender minha mão! Muitas vezes não podemos agir com o coração. Vejo o veneno escorrendo no canto de sua boca, enquanto teu sangue ferve lentamente. O inferno existe. É composto de pessoas. A sociedade ideal e justa é uma utopia. Sim, hoje eu estou pessimista. E sabem por quê?

Eu não sei mais amar. Eu desaprendi. Tantos anos de convívio com seres abomináveis e perdemos o bom senso. A frustração toma conta do teu espírito. E a morte lhe trás boas novas.

Ainda nos resta: os bons filmes, os livros de poesia, as flores e os amores, do mais, tudo é lixo, mecânico, artificial, que nos remete a um passado de violência e governantes imbecis. Não me resta mais nada a fazer. Entrego-me ao sono profundo. Adeus mundo cruel!

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 20/07/2011
Reeditado em 20/07/2011
Código do texto: T3106295
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