ESQUECERAM DE MIM

Em 1990 um filme dirigido por Chris Columbus, “Esqueceram de Mim”, estrelado pelo garoto prodígio Macaulay Culkin, chegou às telas do nosso Brasil e nos deliciou com as peripécias do menino de apenas oito anos, o qual foi esquecido pela família inteira dentro da sua própria casa, em Chicago, na pressa de todos viajarem à Paris, onde passariam o Natal.

Aí o garoto foi obrigado a se virar e a defender sua casa de dois ladrões que a invadiram, numa sequência hilariante de situações rocambolescas, com armadilhas preparadas pelo pestinha aos assaltantes (eles sempre levando a pior), o que nos prende do princípio ao fim do filme e arranca boas gargalhadas da platéia.

Mal comparando, meu netinho Tomás, o serelepe, aprontou mais uma hoje à tarde, quando foi ao “Minas Shopping” em companhia da mamãe Karina e da vovó Mari. Chamaram-me também, mas resolvi ficar em casa concluindo a leitura de um livro. E aí só fiquei sabendo da ocorrência agorinha mesmo, o que me levou a redigir esta crônica.

Disse-me a Dona Mari que bateram pernas pelo shopping até não poder mais e, finalmente, adentraram uma lojinha chamada “Peg e Pag”, simpaticíssima e plena de novidades bem ao gosto da mulherada:- utensílios para cozinha, para banheiros, enfeites, jarrinhos, porta-retratos, imãs os mais curiosos para geladeira, bonequinhos, etc, etc, etc. Aliás, elas deixam sempre essa lojinha para o final das visitas ao shopping porque aí, sem pressa, elas mexem, fuçam tudo e compram muitas coisinhas que lhes agradam.

Ocorre que o Tomás, já cansado de tanta peregrinação por aquelas lojas todas, sem que elas lhe dessem a devida atenção, mas só bronca (“Fica quieto, menino!...” - “Tomás, passa aqui, garoto! ...” - “Você vai ver quando chegar a casa! ...”), resolveu passar um susto nas duas.

De mansinho, passou por detrás da mãe e da avó, deu a volta no balcão do “Caixa” e agachou-se por debaixo duma prateleira onde a dona do estabelecimento guardava alguns tarecos, sombrinha, bolsa, máquina calculadora, blusa, etc.). A mulher ainda olhou para ele, mas o lourinho piscou-lhe o olho e pôs o dedinho indicador na boquinha, como a lhe pedir silêncio.

Em segundos, a Karina olhou pra trás, pelos lados e não enxergou sua cria. Virou-se, pálida para sua sogra e quase gritou:´

“- Uai, Dona Mari, cadê o Tomás??? ...” – e a vovó Mari, também já nervosa e preocupada:-

“- Mãe do céu, cadê o menino, Karina? ... Pra onde ele se meteu??? ...” – e correram as duas pra fora da lojinha, chegando ao largo corredor daquele segundo piso. Desorientadas e já sento tomadas pelo pânico, correram até a “Riachuelo”, a grande loja defronte à “Peg e Pag” ... mas nada do Tomás! Voltaram, agora correndo, faces lívidas, cabelos desgrenhados, suor descendo pelo rosto e pescoço e tornaram à lojinha das compras, quando a proprietária, sorrindo amarelo e piscando o olho, apontou com o indicador para baixo do balcão do “Caixa”, onde ele se encontrava.

Foi o suficiente para que a Karina, assustada, brava, furiosa mesmo, desse a volta no balcão e arrancasse de lá o Tomás, suspenso pela orelha vermelhona que nem tomate maduro! ...

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 19/07/11

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 19/07/2011
Reeditado em 26/01/2017
Código do texto: T3105431
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.