A intolerância e o desrespeito
Ontem, um rapaz resolveu tingir os seus cabelos que estavam grisalhos, mas antes pensou em descolori-los para que a cor da tinta ficasse uniforme. Ele descoloriu os cabelos e achou engraçado o resultado; um homem negro com o cabelo amarelo. Então o rapaz foi até a casa da sua mãe, pois ele achou que ela daria umas risadas com ele, afinal o visual estava estranho e diferente. Triste engano. Sua mãe assim que o viu “fechou a cara” e foi logo dizendo: “Você quer acabar com a minha vida?” – ela ficou nervosa e continuou – “Se você quiser, eu lhe dou o dinheiro para comprar a tinta e pintar esse cabelo que está ridículo!”. O rapaz não acreditou no que estava ouvindo, mas continuou calado enquanto sua mãe falava vários absurdos, até que ela falou algo que o deixou profundamente triste e o fez se retirar de lá imediatamente: “Se você não tingir seus cabelos de preto, não apareça mais aqui!”
O rapaz desta história sou eu. Voltei para minha casa e fiquei pensando em o quanto a intolerância e o desrespeito, muitas vezes, começa dentro de casa; da própria família. Pais, tios, avós e irmãos que não se respeitam e tentam impor a sua vontade sobre a vontade do outro, deixando com que cada um viva a sua individualidade plenamente.
A sociedade em que vivemos não deixa de ser um reflexo dos preconceitos e sentimentos desenvolvidos e, mal resolvidos, criados no ambiente familiar. Sempre perguntamos o porquê de tanta violência no mundo; crianças sofrendo bullying nas escolas; homossexuais sendo agredidos e mortos por sua orientação; nordestinos sendo discriminados por sulistas, e por aí vai... Continuo pensando e não me sai da cabeça que muito dessa violência que presenciamos poderia ser amenizada, ou até mesmo sanada, se a família fosse realmente um lugar em que houvesse respeito, tolerância ao que fosse diferente, e o mais importante, se houvesse amor.
Não pretendo mudar a opinião de ninguém com este texto, mas espero que pelo menos uma pessoa reflita em tudo o que está sendo dito. Quem sabe no futuro, bem distante, poderemos olhar o outro não como uma abominação por ser diferente de nós, mas olharmos como um ser humano que quer apenas ser tratado de forma normal num mundo cheio de diversidades.