O LADRÃO DE VERSOS

Em plena segunda feira o rapaz andava em Copacabana, passeava tranquilo quando um sujeito anunciou um assalto.

_Vai passando carteira!

Hugo retirou a carteira do bolso, passou para o assaltante, que rapidamente sumiu de vista.

Assim que o assaltante desapareceu na esquina Hugo ficou gargalhando sozinho, na carteira só tinha alguns cartões de visita, de lojas, moto-taxi , coisas fúteis. Além disso, só a última poesia que acabara de escrever em um papel de embalagem de cigarros que encontrou jogado por ali.

Ladrão otário! Pensou. Que iria o camarada fazer, com aquela papelada toda, quando abrisse a carteira iria morrer de raiva.

Hugo resolveu que não iria registrar ocorrência, pois nem documentos tinha na carteira, eram somente aqueles papéis, sem nenhum valor.

Passado algum tempo houve um concurso de poesia, de repercussão internacional, o prêmio era valioso, Hugo resolveu participar.

Quando saiu o resultado, o ganhador foi mostrado por toda a mídia, o poema havia concorrido com milhões de outros do mundo inteiro.

Por certo o agora famoso poeta teria sustento por toda a vida, tudo graças a um único poema.

Para o espanto de Hugo o felizardo era o assaltante que o havia roubado em Copacabana, Agora de terno e gravata. Estava em cartazes por toda a cidade. No cartaz também vinha em destaque o poema que Hugo ainda tinha na lembrança, aquele que havia escrito em um papel de embalagem de cigarros no calçadão de Copacabana.

Saulo Campos

Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 19/07/2011
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T3104289
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