Subjetividade: elemento essencial neste mundo racional

Guiar-se pela subjetividade parece ser algo absurdo, nascido nas páginas dos romances ficcionais lançados aos montes anualmente. Pautar-se na objetividade, como almejam os acadêmicos, é o que satisfaz. Merece os aplausos dos limitados e com isso há o impedimento do tombo.

A racionalidade se levada ao extremo orienta o indivíduo a uma vida de certezas e estas são incapazes de mostrar-lhe que a moeda possui duas faces. Criaremos dessa forma um sujeito limitado, produtivo apenas para o acumulo de capital, para realização do mecânico, ou seja, abriu-fechou; desarrumou-arrumou; foi-volte, e assim sucessivamente, uma vida de controle, de falta de aventuras, da ausência de surpresas.

Nasceram da racionalidade seres: infelizes, céticos, ignorantes ao amor, avessos a apreciação da beleza, incapazes de perseguirem o aroma da alegria, barrados diante da falta de coração. Dessa objetividade brotaram apenas duas vertentes: o certo e o errado; o correto e o incorreto; o feio e o belo; o homem e a mulher; o rico e o pobre, etc. Surgiram os antônimos, esquecendo-se da pluralidade apresentada pela subjetividade dos sinônimos.

Há quem nunca ousou ser subjetivo, trabalhar com a emoção, navegar pelo mar das incertezas, divagar pelos sonhos, querer colher estrelas, contemplar o crepúsculo, mergulhar na paixão ou simplesmente injetar-se de amor? Acredito que sim. Mas essa ousadia permeia os cérebros medrosos do ser humano, que utiliza a razão para se mostrar forte e destemido, mas que há no seu âmago subjetividade, pronta para sair quando chamada.

Considerada como superficial por muitos, a subjetividade é apresentada apenas no papel pelos céticos, dona de um mundo ficcional, alheio aos dissabores dos fortes que optaram pela razão. Mas é nela que reside os ingredientes da felicidade, os elementos da alegria, a essência do amor etc. Quem não mergulha na subjetividade permanece frio, incapaz de amar, de sentir seu amigo. Possui o medo de prosperar, pois ousa.

A subjetividade proporciona a capacidade de se doar, de ir além, de encontrar por trás daquelas roupas sujas e rasgadas um coração que pulsa, um humano que quer amar e ser amado, um cidadão que merece carinho, respeito, compreensão. E a racionalidade nos afasta desses bons e vitais momentos, eliminando qualquer chance de atingirmos o ápice da realização. Ser racional é ser individualista, é apostar em seu sucesso passando agressivamente por cima de seus semelhantes, é confeccionar um diário esquecendo-se de que na escrita o processo é de troca: escritor-leitor, de que precisamos abrir o leque para que todos possam usufruir nossos momentos de êxtase.

Façamos da subjetividade um elemento essencial nesse mundo tomado pela razão. Pratique o ato de sonhar, não custa nada.

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 05/12/2006
Código do texto: T310372
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