HERANÇAS DA VIDA
Tão curta é a vida. Tão complicadas são as pessoas. Numa existência, em média, de 70 anos, complicamos, pelas mínimas coisas, pelo menos umas 70.000 vezes. Aí vem o desencarne, as complicações terrenas ficam e, na bagagem, levamos apenas os sentimentos. O que já é uma carga pesada, dependendo do tipo que eles são. Deixamos, além das coisas materiais, pelas quais passamos a vida nos preocupando, apenas as qualidades ou defeitos que conseguimos transmitir aos que conosco conviveram. Se a bondade, a compreensão, a solidariedade, a honestidade nos foram companheiras, é com amor e saudade que se lembrarão de nós. Essa é a maior herança que podemos legar aos que nos são caros.
Por que estou escrevendo isso agora? Acabei de voltar de dois velórios simultâneos. A irmã de uma colega de trabalho, um ano em coma, e um amigo de infância, repentinamente. O carinho, o afeto, a união estavam presentes em ambos os atos. Por certo viveram dignamente no palco terreno e, com certeza, alçarão novos vôos para o local onde convivem os seres de boa índole.