Joio&Trigo

“Um homem semeia o bom trigo em seu campo. Enquanto todos dormem o inimigo lança o joio no campo cultivado. E a boa e a má semente crescem juntas...” Mt 22

Em todo o tempo e a toda a humanidade a boa semente é lançada. Não obstante, o tempo na história da vida humana é também o momento da contradição e do mal. O joio –pecado- é a ruptura da comunhão com os homens, a quebra da amizade divina, da aliança do amor.

O pecado é um mistério da fraqueza e da maldade na vida do ser humano. Não é um mal físico, nem uma doença psíquica, embora influencie sobre a harmonia do corpo e do espírito. O pecado é uma desordem íntima, um desequilíbrio moral e sobrenatural.

Há em nós uma coexistência do Bem e do Mal. É muito misterioso isso. É uma mistura de santidade, de doação, de fé, de caridade, com muitos desvios, fraquezas, tibiezas, cálculos ciumentos, demagogia religiosa, defecções, egoísmos ousados, escândalos da carne e do espírito. É um mistério a existência e o crescimento do mal na vida. O pecado perturba e ameaça o mundo, embora seja o menos sentido, o menos visível, e muitas vezes o que menos nos preocupa realmente. Nos preocupamos mais com problemas, e o pecado –joio- não constitui com facilidade problema para o ser humano... Não é isto perder o sentido do pecado?

Como o joio a crescer juntamente com o trigo no campo do mundo, assim os pecadores e seus pecados manifestam-se no meio dos bons, dos justos, certamente para provar a firmeza destes. O mal no mundo é um apelo incisivo a uma fé vigilante e ao desenvolvimento de uma “caridade” operosa, ou seja, nos impulsionar a ir além da simples compaixão face à desordem dos outros, a não pretendermos fazer parte de uma comunidade de puros, fechada aos desgraçados e aos que fracassam.