VIVER NA ESCURIDÃO.

Sonegados e subtraídos pelos prazeres da vida, como fantoches de seus destinos, sem leme firme ou norte apontado, vagam seres na escuridão de vontades pretendidas, supondo na irrealidade da pretensão subir a alturas nunca alcançadas.

Vagueiam perdidos na sanha da procura de seu próprio eu, desconhecido, estranho, imaginoso e imaginário, fugaz até mesmo de verdades pequenas e necessárias para sobreviver com dignidade como “quem sou”.

Não há ponto de encontro de seu caminho, a porta da vida real não foi aberta, a escolha relega ao segundo plano a clareza da alma.

Vive-se na mentira, na escuridão, escondendo da luz a realidade em ser.

A estrada anímica resta perdida, entre comoções e omissões, tropeça, confunde, deprime.

O espírito é assaltado, a mente desfavorecida.

Falta a luz do amor........

Quando não rebrilha a luz do sol, a vida se torna sombria, mera escuridão atravessada de incertezas e rebates da caminhada, vazia, por vezes espúria, limitada, descolorida, sem atrativos.

Por quê?

Se não se ama a si mesmo, por não aceitarmos como somos, nossa realidade, muito menos amamos a humanidade.

Se não aceitamos a integridade com a qual fomos postos chegados ao planeta Terra, não realizaremos nossa missão, seja qual for sua dimensão.

Partiremos partidos. Seríamos um limbo espiritual.

Quem rejeita sua história, recusa suas raízes.

A árvore fica enfraquecida porque deitada em húmus que não a alimentou, e tomba pela ruína.

As partes não formam o todo se estão fracionadas, divididas. O que divide perde a força, e o todo, a integralidade, se esgota, se exaure, esvai.

A finitude do ser começa com a consciência de não se aceitar como é, passa por uma vida conturbada e cercada de dispersão emocional, e se perde na torrente do desencontro, aflito, ansioso, paranóico, obessessivo, turbilhão para onde convergem a soberba, a ausência de simplicidade, a inexistência de humildade, a escuridão enfim.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 16/07/2011
Reeditado em 16/07/2011
Código do texto: T3098764
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.