FLATULÊNCIA INESPERADA
É bem provável que, se a pizza que eu pedi não tivesse demorado tanto, evidentemente, aquelas duas jovens não passariam por aquele vexame, aquela vergonha sem precedentes.
Era quase meia-noite de uma sexta-feira. Vale ressaltar que não era numa data 13 para consumar um dia sem sorte. Mas o fato que aconteceu no prédio onde moro não foi assim tão inusitado, pois afinal, todo o ser humano tem algum momento em que precisa aliviar seus gases, num ato fisiológico que deve ocorrer, preferencialmente quando se estiver só e num local bem reservado. Só que este não aconteceu desta maneira.
Duas jovens acabaram de visitar alguma amiga e, talvez pensando que, devido a hora bastante avançada e pelo silêncio do prédio, quando desciam do quarto andar, logo que se aproximaram do segundo, uma delas não perdeu tempo: liberou todos os gases presos, só que, de maneira bem estrondosa e sequencial, à proporção que andava apressada, como se fosse pegar o último trem. A colega que vinha um pouco à frente, logo que se deparou com um entregador de pizza e um freguês (neste caso, este cronista) tentou admoestar a colega, mas foi inútil. Não dava mais tempo para ela regressar e muito menos disfarçar. Teve que enfrentar a saia-justa e passou por nós com as mãos cobrindo um lado da face, como se isto conseguisse ocultar a sua vergonha. Grande equívoco!
Foi uma situação até certo ponto engraçada, pois foi algo que aconteceu de repente, talvez até um ato involuntário, devido o tempo em que ficaram conversando num apartamento, sem a devida liberdade para soltar um pum. O entregador de pizza não perdeu tempo e até pensou alto, dizendo assim:
-"Tá mal, jovem! Mais dois deste implode o prédio!"
Comentário este que não foi ouvido pelas duas dondocas. E sim só por este cronista, que achei engraçado, porém dispensável.
O certo é que, depois do ocorrido, o que servirá de lição par elas e para qualquer pessoa é a atenção redobrada para evitar que isto ocorra de novo desta maneira. Afinal, a flatulência é própria de todo o ser humano. Ninguém está isento disto. Só não é admissível é um local público, como por exemplo, um elevador, uma condução lotada, uma sala de reunião repleta de pessoas etc. Por precaução, que seja numa rua, ao ar livre ou num local onde a pessoa tiver a absoluta certeza de que não tal atitude não será ouvida e, principalmente, sentida por terceiros. Sorte destes, diga-se de passagem.
João Bosco de Andrade Araújo