Mário Quintana - Um Pote de Poesia - Beba sem moderação!
ESCREVER, VICIA!
Escrever é a pior e a mais poderosa das drogas,
Vicia!
No começo, a gente entra numa de experimentar
Ver o que acontece e, meio que escondido de todos
Damos os nossos primeiros rabiscos. Sozinhos
No quarto nos percebemos assustados, amedrontados
Por ter sido tão bom tudo aquilo!
Logo encontramos outros amigos de vício,
Lembro-me tanto desses encontros. Bebiam-se
Os versos, cheirávamos noite inteira os perfumes
Inebriantes da poesia. Noites fantásticas, aquelas!
Depois de um tempo começamos
Não ter mais tempo para nada, tudo gira
Em torno do nosso vício.
Nosso corpo parece necessitar mesmo daquilo
Se, por algum motivo, não encontramos
Motivos - Acabamos por nos irritarmos
Por vezes, desesperamos!
Escrever vicia!
E como eu sei disso. Acordo já pensando
Na droga! Sempre com alguma palavra, alguma
Frase cutucando minha mente. Uma ideia e logo
A semente da erva bendita me corre solta nas veias.
Escrever vicia,
Sabia?
Acabamos por falar em versos,
Rimamos palavras que nem dão rimas
E quando não se encontra a inspiração
Meu Deus! Parece que o mundo tomou Doril!
Confesso que tentei tratamento,
Procurei os melhores especialistas
Em desintoxicação poética. Nada adiantou!
Por alguns dias, deixei de lado a caneta, o papel
Nem sentei à minha escrivaninha. Por instantes
Tudo parecia erva daninha a consumir minha vida.
Por conta disto, perdi alguns amigos, uns que não
Gostavam da droga. Cheguei mesmo ao fundo
Do poço quando um dos meus amigos, ao queixar-se
Que a sua namorada havia o traído, olhei em seus olhos
E disse: Liga não...
"Tudo vale à pena se a alma não é pequena!"
Fernando Pessoa
Até meus filhos começaram a me olhar de um jeito
Esquisito e eu, dando uma de nem ligo...
Para mim, nada era mais importante
Do que tragar aquele baseado poético!
Hoje eu sei, sou um viciado!
Não quero nem permito que alguém
Interfira nisso. Sou dependente sim, desse êxtase
Que alimenta minha mente e morrerei seco,
Quiçá esquecido... Inevitavelmente em minha lápide
Alguém escreva... Aqui Jaz um Poeta.
ESCREVER, VICIA!
Escrever é a pior e a mais poderosa das drogas,
Vicia!
No começo, a gente entra numa de experimentar
Ver o que acontece e, meio que escondido de todos
Damos os nossos primeiros rabiscos. Sozinhos
No quarto nos percebemos assustados, amedrontados
Por ter sido tão bom tudo aquilo!
Logo encontramos outros amigos de vício,
Lembro-me tanto desses encontros. Bebiam-se
Os versos, cheirávamos noite inteira os perfumes
Inebriantes da poesia. Noites fantásticas, aquelas!
Depois de um tempo começamos
Não ter mais tempo para nada, tudo gira
Em torno do nosso vício.
Nosso corpo parece necessitar mesmo daquilo
Se, por algum motivo, não encontramos
Motivos - Acabamos por nos irritarmos
Por vezes, desesperamos!
Escrever vicia!
E como eu sei disso. Acordo já pensando
Na droga! Sempre com alguma palavra, alguma
Frase cutucando minha mente. Uma ideia e logo
A semente da erva bendita me corre solta nas veias.
Escrever vicia,
Sabia?
Acabamos por falar em versos,
Rimamos palavras que nem dão rimas
E quando não se encontra a inspiração
Meu Deus! Parece que o mundo tomou Doril!
Confesso que tentei tratamento,
Procurei os melhores especialistas
Em desintoxicação poética. Nada adiantou!
Por alguns dias, deixei de lado a caneta, o papel
Nem sentei à minha escrivaninha. Por instantes
Tudo parecia erva daninha a consumir minha vida.
Por conta disto, perdi alguns amigos, uns que não
Gostavam da droga. Cheguei mesmo ao fundo
Do poço quando um dos meus amigos, ao queixar-se
Que a sua namorada havia o traído, olhei em seus olhos
E disse: Liga não...
"Tudo vale à pena se a alma não é pequena!"
Fernando Pessoa
Até meus filhos começaram a me olhar de um jeito
Esquisito e eu, dando uma de nem ligo...
Para mim, nada era mais importante
Do que tragar aquele baseado poético!
Hoje eu sei, sou um viciado!
Não quero nem permito que alguém
Interfira nisso. Sou dependente sim, desse êxtase
Que alimenta minha mente e morrerei seco,
Quiçá esquecido... Inevitavelmente em minha lápide
Alguém escreva... Aqui Jaz um Poeta.