O que há de errado com esta crônica?
Está publicado e ninguém tocou nela. Agradeço a gentil atenção.
Do sanfoneiro é a culpa...
O senhor tocou muito bem diversos estilos, samba, tango, mambo, maxixe, tatu. A alma humana deve imitar o preceito da música doado por Deus: canta e floresce. Parabéns. Mas quando o conjunto tem enguiço? O senhor está dizendo que o sanfoneiro às vezes... Enguiça, atravessa. Qual nada. Estavam excelentes. Para ser sincero: excelente ainda não é espetacular. Pois bem, quanto ao sanfoneiro? O sanfoneiro esteve mal na foto? Mas vocês fizeram à farra de todos. Viu a vó como dançava? A vó dançou com outra a música romântica. Viu coisa mais linda? De clipe, estimulante. Vocês são ótimos músicos. Podem ter certeza. O sanfoneiro nunca terá certeza.
Sobre a Canção Para Bailados e Becos de sua autoria? Uma beleza. Sensacional. Prêmio Nobilis. Do ré para o si num gogó só. Perfeição vocálica. Coisa de copa. Altas copas. Agora, melhor sem o sanfoneiro, isso sim? Esse sanfoneiro atravessa as canções como pedestres em ruas entupidas nos dias de chuva gelada.
Estranho o senhor ter ido tão alto no canto sem auxílio. Estranhíssimo. Já cantou e tocou com grandes músicos? Deram show, aplausos de pé. Só não foram melhores por causa do... Sanfoneiro.
Festa é lugar de ser humano encher a boca de coisas boas. Os ouvidos ganham ares de templo carnavalizado. Ladeado numa parede explicou-me como havia gostado, conhecido e aderido à banda Salga Pipas. (O nome lembrava-lhes aquela banda famosa inglesa). Lutou para entrar sem aceitar o sanfoneiro que era de “cachaceira paciência”, mas dono dos instrumentos. Quis tocar ganzá, porém o sanfoneiro nunca permitiu. Neste caso os diálogos desatentos dos maduros com orelhas dominadas ardem. Veja o senhor. Um músico fabuloso. Indisfarçável a impressão de que o excessivo volume encobre os erros da harmonia. Claro. O sanfoneiro não deixa...