MEDO

Não é fácil dormir com um olho fechado e outro aberto. Mas eu venho tentando. Alguns de meus inimigos estão dentro de mim. Outros são os fantasmas que não me dão trégua. Deito-me depois de um dia cansativo. Penso, medito. Será que alguém anda tramando alguma perfídia? Mantenho os ouvidos atentos. Fecho um olho e tento dormir. Com o olho aberto presto atenção nas sombras que me envolvem. Lá fora o vento sopra e as corujas piam. Todos dormem, menos eu e os vultos que conspiram contra mim. Abro o olho que estava fechado e fecho o que estava aberto. Ouço alguma coisa estranha. É alguém pisando e arrancando as flores de meu jardim. Acho melhor não me mexer, ficar só na escuta. Meu jardim é o mais bonito, o mais cobiçado. Sinto o cheiro de flores esmagadas, cheiro forte, envolvente, inebriante, que me deixa impotente. Enfim minhas pálpebras se rendem e eu entro num sono profundo. Desisto dessa ideia. Não dá mesmo para dormir com um olho fechado e outro aberto.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 14/07/2011
Código do texto: T3094061
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.