MÃOS QUE ACOLHEM. MÃOS QUE ESPANCAM ! ! !




O dia amanheceu ensolarado. A água da torneira estava fria. Ao lavar minhas mãos, notei que elas ficaram avermelhadas, pela água gelada. Esfreguei uma na outra, tentando passar calor, e logo elas voltaram a cor normal, rosadas.
Depois, fui preparar um molho com thaine (pasta de gergelim) com limão, sal, alho socado.
Lavei e grelhei brócolis, cenouras, abobrinhas. E mergulhei tudo, no molho de thaine.
Em seguida dei água ao canteiro de girassóis, eles estão crescendo dia a dia. E logo terei as flores gigantes mirando o astro rei, embelezando meu jardim.

Lembrei-me que tinha dois trabalhos pra preparar no computador, e novamente foram minhas mãos sem preguiça trabalhar.
Ao acabar de digitar, outra atividade me esperava.
Pensei: Em todas as tarefas, minhas mãos são requisitadas e estão dispostas a realizar. O que seria de mim sem elas?!

Outro dia, li que uma chinesa, caminhando pela rua, viu uma criança de dois anos que despencava do décimo terceiro andar de um prédio. Não vacilou, tirou os sapatos de salto alto, correu em direção a menina.
Estendendo as mãos, conseguiu segurá-la. Teve fratura em um dos braços, e precisou parar de amamentar seu bebê de apenas sete meses, pela fratura que sofreu.
Mas, disse que faria tudo outra vez, para salvar a criança.

Em outra notícia leio sobre um pai que, usando as mãos, espancou seu filho até a morte.
Matérias, sobre mãos que são usadas para machucar e matar, não faltam.
Eu poderia ficar aqui enchendo páginas sobre elas.
Mas, existem também mãos como as da chinesa, que não medem o perigo, para salvar alguém.

Em minha infância minha avó sempre levava-me em um benzedor.
Ele segurando nas mãos ramos de alecrim, fazia movimentos por sobre minha cabeça e ia recitando uma oração.
Eu adorava ir a sua humilde casa, para receber o benzimento. E às vezes até inventava uma dorzinha de barriga, pois sabia que minha avó iria depressa procurar pelos dons do bom e generoso homem.

O mundo é cenário de todo tipo de mãos. Existem aquelas que acolhem, acalentam, socorrem, acarinham, alimentam, cuidam.
E outras que, judiam, espancam, matam.

Vejo as pessoas principalmente as mulheres, muito ocupadas em mostrá-las sempre impecáveis, unhas feitas e esmaltadas.
Mas, nem sempre ocupadas em observar a utilidade que estão dando as suas mãos.
Creio que, o que confere beleza real a elas, seja o uso útil e bondoso, que lhe damos.

As Mãos do Seu Cláudio/benzedor, me lembro, não eram cuidadas, eram ásperas, pois ele trabalhava na enxada.
Suas unhas nem sempre estavam aparadas e por vezes ainda tinham restos de terra.
Mas, elas exalavam uma paz, e um afeto verdadeiro pelo seu semelhante.

Contrário a isso, já vi mãos bem cuidadas, de unhas limpas e tratadas, que pareciam ser de príncipes ou princesas.
Mas, que pouco produziam para si mesmo, nem para o seu semelhante.



Lenapena
Enviado por Lenapena em 13/07/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3092793