Gentileza gera gentileza
Paranaguá, 14 de março de 2011.
Prezados confrades, estimadas confreiras, membros do Centro de Letras Leôncio Correia, há nestes tempos modernos uma crescente falta do uso da gentileza. Parece que o outro, seja um ser humano ou um ser da natureza, não é mais respeitado como se deveria. As pessoas dedicam-se a si mesmas e dão valor apenas às suas próprias necessidades e interesses. Nesta clausura moderna, por assim dizer, esquecem-se de abraçar o outro, quiçá com um sorriso, abandonaram a prática de pequenos atos de boa conduta e amabilidade. É comum verificar, no dia a dia, as pessoas fechadas no seu próprio ego, tão estressadas que não mais observam os outros, o próximo passa sem importância, sem o respeito e sem a delicadeza que se requer no trato dos seres.
O próximo é aquele que está bem do lado, não importando ser uma pessoa de poucas posses ou abastada, de chinelo ou de sapato de verniz, pedestre, condutor de veículo automotor ou um mero ciclista. O outro ainda é o ser da natureza, um bicho, uma planta, as florestas, um rio, o mar.
Conforme o dicionário Aurélio, gentileza significa qualidade ou caráter de gentil; ação nobre, distinta ou amável; amabilidade, delicadeza. A raiz desta palavra se oriunda do latim: “gens” designando conduta boa, respeitosa e educada. Ser gentil é ser delicado para com tudo e com todos.
Se gente são as pessoas, e observe-se em gente a mesma raiz latina “gens”, concluo que as pessoas têm virtudes, e assim, a essência das pessoas é gentil e boa. Há nas pessoas muito mais qualidades que defeitos. E por que tanta falta de delicadeza e de gentileza circundam as vidas das pessoas?
Buscando por uma resposta deparei-me com a história do polêmico profeta gentileza, José Datrino, que ficou famoso no Rio de Janeiro, nas décadas de 1960 e 1970, ao pregar que “gentileza gera gentileza”. Após episódios marcados pela dor da morte de centenas de pessoas, queimadas no incêndio de um circo, José larga sua próspera vida e segue pregando às pessoas o sentido verdadeiro da palavra agradecido e da palavra gentileza.
Observo que o profeta tinha razão, gentileza gera gentileza. É preciso que as pessoas tenham ou pratiquem gestos amáveis, distribuam sorrisos, palavras de cortesia, e com certeza receberão gentileza e delicadeza na contramão de suas direções.
Gentileza é um bumerangue que lançado retorna para as mãos de quem arremessou. Quando se sorri a um bebe, logo esta criança está distribuindo sorrisos fartos e abertos, a todos a sua volta, sem olhar a quem.
Então, passei a observar à minha volta, meditando, refletindo se eu próprio pratico atos de gentileza ou de delicadeza para com meus semelhantes e para com a natureza à minha volta, lembrando que eu sou parte da natureza e não o contrário.
E vejo, por aí, motoristas que não param para que o pedestre atravesse a rua pela faixa de segurança, ou simplesmente vão atirando lixo pela janela de seus veículos, emporcalhando, sujando as ruas da cidade e deixando a natureza ruborizada pela vergonha de que um seu integrante, um membro pensante, esteja a tratar a natureza com tamanho desrespeito. E vejo muitas pessoas, que nem estão aí para com os mais velhos, tratando-os com desdém e indiferença. Gestos simples de ceder um lugar no ônibus ou em lugares públicos perderam-se no passado.
Vivemos na era da informação globalizada, das mensagens rápidas e velozes. Contudo, é preciso parar e estender a mão ao outro, abraçar e dar afagos, pois não perdemos nossa humanidade, nem a generosidade e nem a delicadeza que abunda nossos corações. Ainda podemos dignificar o outro, distribuindo afeto e carinho, pois gentileza gera gentileza.
(Crônica lida no Centro de Letras de Paranaguá)
Paranaguá, 14 de março de 2011.
Prezados confrades, estimadas confreiras, membros do Centro de Letras Leôncio Correia, há nestes tempos modernos uma crescente falta do uso da gentileza. Parece que o outro, seja um ser humano ou um ser da natureza, não é mais respeitado como se deveria. As pessoas dedicam-se a si mesmas e dão valor apenas às suas próprias necessidades e interesses. Nesta clausura moderna, por assim dizer, esquecem-se de abraçar o outro, quiçá com um sorriso, abandonaram a prática de pequenos atos de boa conduta e amabilidade. É comum verificar, no dia a dia, as pessoas fechadas no seu próprio ego, tão estressadas que não mais observam os outros, o próximo passa sem importância, sem o respeito e sem a delicadeza que se requer no trato dos seres.
O próximo é aquele que está bem do lado, não importando ser uma pessoa de poucas posses ou abastada, de chinelo ou de sapato de verniz, pedestre, condutor de veículo automotor ou um mero ciclista. O outro ainda é o ser da natureza, um bicho, uma planta, as florestas, um rio, o mar.
Conforme o dicionário Aurélio, gentileza significa qualidade ou caráter de gentil; ação nobre, distinta ou amável; amabilidade, delicadeza. A raiz desta palavra se oriunda do latim: “gens” designando conduta boa, respeitosa e educada. Ser gentil é ser delicado para com tudo e com todos.
Se gente são as pessoas, e observe-se em gente a mesma raiz latina “gens”, concluo que as pessoas têm virtudes, e assim, a essência das pessoas é gentil e boa. Há nas pessoas muito mais qualidades que defeitos. E por que tanta falta de delicadeza e de gentileza circundam as vidas das pessoas?
Buscando por uma resposta deparei-me com a história do polêmico profeta gentileza, José Datrino, que ficou famoso no Rio de Janeiro, nas décadas de 1960 e 1970, ao pregar que “gentileza gera gentileza”. Após episódios marcados pela dor da morte de centenas de pessoas, queimadas no incêndio de um circo, José larga sua próspera vida e segue pregando às pessoas o sentido verdadeiro da palavra agradecido e da palavra gentileza.
Observo que o profeta tinha razão, gentileza gera gentileza. É preciso que as pessoas tenham ou pratiquem gestos amáveis, distribuam sorrisos, palavras de cortesia, e com certeza receberão gentileza e delicadeza na contramão de suas direções.
Gentileza é um bumerangue que lançado retorna para as mãos de quem arremessou. Quando se sorri a um bebe, logo esta criança está distribuindo sorrisos fartos e abertos, a todos a sua volta, sem olhar a quem.
Então, passei a observar à minha volta, meditando, refletindo se eu próprio pratico atos de gentileza ou de delicadeza para com meus semelhantes e para com a natureza à minha volta, lembrando que eu sou parte da natureza e não o contrário.
E vejo, por aí, motoristas que não param para que o pedestre atravesse a rua pela faixa de segurança, ou simplesmente vão atirando lixo pela janela de seus veículos, emporcalhando, sujando as ruas da cidade e deixando a natureza ruborizada pela vergonha de que um seu integrante, um membro pensante, esteja a tratar a natureza com tamanho desrespeito. E vejo muitas pessoas, que nem estão aí para com os mais velhos, tratando-os com desdém e indiferença. Gestos simples de ceder um lugar no ônibus ou em lugares públicos perderam-se no passado.
Vivemos na era da informação globalizada, das mensagens rápidas e velozes. Contudo, é preciso parar e estender a mão ao outro, abraçar e dar afagos, pois não perdemos nossa humanidade, nem a generosidade e nem a delicadeza que abunda nossos corações. Ainda podemos dignificar o outro, distribuindo afeto e carinho, pois gentileza gera gentileza.
(Crônica lida no Centro de Letras de Paranaguá)