Perdeu, agora dá valor?

Bom, pra já cursou uma faculdade ou ainda está cursando, não é novidade que um curso superior só é um sonho no primeiro semestre, nos demais vira um pesadelo. Ao começar um curso universitário, todo mundo diz, no início dele, com alegria que vai à “facul”, mas essa mesma expressão é dita com certo desespero nos semestres seguintes. Deve ser porque depois das primeiras provas, exames e, em alguns casos DP’s, as pessoas passam a enxergar que não se trata de um glamour e sim de ralar bastante pra conseguir o tão sonhado diploma. Já houve quem dissesse que é fácil entrar na faculdade, o difícil é sair dela. Tudo bem... mas hoje, eu quero falar sobre uma aluna da época em que eu fazia o curso se Letras; vou chamá-la de Aluna X. Bem, essa garota começou o curso assim como eu e muitos, mas diferentes dos demais, ela não se esforçou muito e levou tudo numa aventura sem fim. Tinha tudo pra se formar, pois logo conseguiu uma bolsa de estudos, um privilégio para poucos. Logo, a Aluna X começou a fazer amizades que, como ela, não estavam muito a fim de estudar, mas sim de exibir para todos que estava na faculdade. Passou a namorar diversos mocinhos bonitinhos da faculdade e, nossa, se sentir a Miss Universidade. Nas primeiras provas, as primeiras notas vermelhas do curso eram garantidas por ela e Cia da farra universitária. Nos final do primeiro semestre garantiram as primeiras DP’s do curso. Teve gente que tinha até 14 dependências, era um verdadeiro absurdo, mas a nossa protagonista só tinha 6 (seis)... só tinha... observe bem... Não ache estranho se eu disser que a minha turma começou com 110 pessoas e terminou com 46 e dessas apenas 43 se formaram, porque 3 ainda no último semestre reprovaram. Muito bem, nossa amiga durou até o terceiro semestre. O que eu acho mais interessante é que ela já estava com seis dependências, com diversas notas vermelhas, praticamente reprovada, mas ainda freqüentava o curso como se nada tivesse acontecido. Porém o dia que mais me chocou foi quando ela me disse que ia se esforçar pra passar aquele semestre, que ia eliminar todas as suas dependências, pois o futuro dela dependia daquele curso e ela sabia disso. Puxa vida, a pessoa teve um ano e meio pra perceber isso, e só deixou pra dar importância quando perdeu tudo. Isso mesmo, perdeu tudo, pois uma semana depois ela ficou sabendo que estava reprovada e que havia perdido a bolsa. Chorou, lamentou, mas foi tarde demais pra chorar pelo leite derramado. Meu objetivo aqui não é criticar ninguém, porque eu também sou humano e erro talvez até mais do que a Aluna X, mas quero mostrar um lado do ser humano que não valoriza as coisas que tem e vai deixando o tempo passar e quando resolve valorizar o que tem, já perdeu e é tarde pra recuperar. Pode até obter, mas dessa vez o sofrimento vai ser maior, e bem maior. Assim como ela, todos nós, até eu mesmo, todo mundo já deixou alguma vez na vida algo pra última hora e acabou se dando mal. Precisamos nos policiar o tempo todo pra perceber se estamos valorizando o suficientemente o que temos pra não chorar mais tarde ao perder. Até hoje, nunca mais vi a Aluna X e nem sei se ela fez alguma coisa da sua vida, mas a vida dela ficou de exemplo pra mim. Eu lembro que ela era muito depressiva. Eu também era muito. Não sei porque a juventude de hoje é tão melancólica. Ao mesmo tempo que se entrega a promiscuidade, vive sofrendo de uma doença emocional sem fim. Precisamos aprender a lidar com nossas questões emocionais, nos levantar contra elas e reger o nosso coração. Tomar posse dos nossos sentimentos e usá-los para o nosso progresso. Não vamos esperar o tempo passar e levar o que temos de mais precioso pra que acordemos e choremos as perdas sem enxergar o que podemos fazer pra conquistar. Que Deus ajude a Aluna X onde quer que ela esteja e a ajude, assim como a nós. Que possamos valorizar a vida, entender aonde queremos chegar e lutar por isso. Certa vez fiz aos meus alunos duas perguntas com as quais encerro esse texto: O que você quer pra sua vida daqui a cinco anos? E o que você está fazendo hoje pra que daqui a cinco anos isso esteja em suas mãos?

Adeildo Levigade
Enviado por Adeildo Levigade em 12/07/2011
Código do texto: T3090917
Classificação de conteúdo: seguro