Tirada
de um mineiro ilustre
Um cearense escrevendo sobre mineiros! E eu pergunto: pode uma coisa dessa? Pode, sim.
Nós, os cabeças-chatas, somos uma gente que escreve sobre qualquer assunto, coisa ou pessoa.
Na minha obscura vidinha de escrevinhão venho cronicando sobre tudo o que o momento dita.
Cumpro, assim, a sina dos cronistas que é a de registrar fatos e causos que o cotidiano produz.
Uma simples bula de remédio, por exemplo, pode inspirar uma página, por mais esquisito que isso possa parecer.
Eu mesmo já escrevi uma jocosa crônica sobre a bula de um remédio que tomei por engano!
Se fosse veneno, teria morrido e dado algum trabalho ao médico legista, na descoberta da causa mortis.
Os apressados logo diriam: "Coitado, suicidou-se!"
Mas, se algum mal o tal remédio pretendeu fazer-me, este se esvaiu na micção imediatamente após ingeri-lo.
Tudo me aconteceu por volta da meia-noite quando me encontrava sob a ameaça de uma infame insônia.
A propósito, ouvi certa ocasião de um experiente jornalista baiano o seguinte: "Escreva, meu filho.; todos os dias. Até sobre nada. Escreva bobagens, mas escreva. Está é a missão do escrivinhador." Não tenho feito diferente.
Mas hoje meu papo é curto.
Faço uma pálida homenagem à inteligência mineira, quando ainda ouço os sinos dobrarem pela alma de Itamar Franco.
Um parêntese. Não interessa, neste instante, especular sobre qual o chão Itamar nasceu: se nas alterosas ou no sertão da Bahia.
Em Minas Gerais sua vida pública se consolidou e brilhou. Como mineiro, ele morreu senador da República.
E, frise-se, sem mergulhar no charco fétido no qual se encontra afogada a antiga Câmara Alta do País.
Vale, portanto, lembrá-lo como aquele político sobre o qual não pesam denúncias comprometedoras. Dizem que ele era um turrão. Mas nunca o chamaram de ladrão. Fecho o parêntese.
Prestada esta rápida homenagem ao político probo e cidadão correto Itamar Augusto Gautiero Franco (1930-2011), falo, em seguida, de outro mineiro ilustre: Milton Campos, objeto maior desta modesta crônica.
Um dia, Tristão de Athayde escreveu sobre os sete pecados capitais e deu ao seu brilhante livro este título: Tudo é mistério.
No capítulo sobre a Inveja, Alceu Amoroso Lima narra esta estorinha que, aqui, para espairecer, relembro-a, e com imenso prazer.
Conta o saudoso Pensador católico: "Certo dia, conversavam debruçados de uma janela no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o Governador Milton Campos e seu secretário Edgar da Mata Machado.
Dois namorados se abraçavam no jardim fronteiro.
Pergunta Edgar a Milton: "Está com inveja?" Responde Milton: "Não, com saudade."
Recordo este episódio, no momento em que o noticiário sobre os políticos brasileiros - com raras e honrosas exceções - melhor caberia nas páginas de polícia.
de um mineiro ilustre
Um cearense escrevendo sobre mineiros! E eu pergunto: pode uma coisa dessa? Pode, sim.
Nós, os cabeças-chatas, somos uma gente que escreve sobre qualquer assunto, coisa ou pessoa.
Na minha obscura vidinha de escrevinhão venho cronicando sobre tudo o que o momento dita.
Cumpro, assim, a sina dos cronistas que é a de registrar fatos e causos que o cotidiano produz.
Uma simples bula de remédio, por exemplo, pode inspirar uma página, por mais esquisito que isso possa parecer.
Eu mesmo já escrevi uma jocosa crônica sobre a bula de um remédio que tomei por engano!
Se fosse veneno, teria morrido e dado algum trabalho ao médico legista, na descoberta da causa mortis.
Os apressados logo diriam: "Coitado, suicidou-se!"
Mas, se algum mal o tal remédio pretendeu fazer-me, este se esvaiu na micção imediatamente após ingeri-lo.
Tudo me aconteceu por volta da meia-noite quando me encontrava sob a ameaça de uma infame insônia.
A propósito, ouvi certa ocasião de um experiente jornalista baiano o seguinte: "Escreva, meu filho.; todos os dias. Até sobre nada. Escreva bobagens, mas escreva. Está é a missão do escrivinhador." Não tenho feito diferente.
Mas hoje meu papo é curto.
Faço uma pálida homenagem à inteligência mineira, quando ainda ouço os sinos dobrarem pela alma de Itamar Franco.
Um parêntese. Não interessa, neste instante, especular sobre qual o chão Itamar nasceu: se nas alterosas ou no sertão da Bahia.
Em Minas Gerais sua vida pública se consolidou e brilhou. Como mineiro, ele morreu senador da República.
E, frise-se, sem mergulhar no charco fétido no qual se encontra afogada a antiga Câmara Alta do País.
Vale, portanto, lembrá-lo como aquele político sobre o qual não pesam denúncias comprometedoras. Dizem que ele era um turrão. Mas nunca o chamaram de ladrão. Fecho o parêntese.
Prestada esta rápida homenagem ao político probo e cidadão correto Itamar Augusto Gautiero Franco (1930-2011), falo, em seguida, de outro mineiro ilustre: Milton Campos, objeto maior desta modesta crônica.
Um dia, Tristão de Athayde escreveu sobre os sete pecados capitais e deu ao seu brilhante livro este título: Tudo é mistério.
No capítulo sobre a Inveja, Alceu Amoroso Lima narra esta estorinha que, aqui, para espairecer, relembro-a, e com imenso prazer.
Conta o saudoso Pensador católico: "Certo dia, conversavam debruçados de uma janela no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o Governador Milton Campos e seu secretário Edgar da Mata Machado.
Dois namorados se abraçavam no jardim fronteiro.
Pergunta Edgar a Milton: "Está com inveja?" Responde Milton: "Não, com saudade."
Recordo este episódio, no momento em que o noticiário sobre os políticos brasileiros - com raras e honrosas exceções - melhor caberia nas páginas de polícia.