O QUE EU QUERO, AFINAL?

 

 

"Liberdade é pouco.

    O que eu desejo ainda não tem nome".

             (Clarice Lispector)

 

Zélia Freire disse que está treinando se desvencilhar das “muletas” e, cá estou eu utilizando-me de uma delas, talvez, com essa citação de Clarice. (já desenvolvi certa intimidade com a autora, o que me permite tratá-la apenas pelo primeiro nome).

 

Vivo buscando algo que nunca sei, claramente, o que é. É assim e sempre foi desde que me entendo por gente (se é que “gente” signifique a partir dos nove ou dez anos de idade), pois foi aí que comecei a desejar alguma coisa que fugia um pouco da minha realidade. Querer é buscar, é correr atrás – e eu sempre corri.

 

Grandes ou ínfimos que sejam os sonhos, não importa. O que faz a diferença é a garra com que você se dispõe a buscar suas realizações. E a importância que eles têm para o sonhador.

 

Confesso que, desde a mais tenra idade, encontro-me numa encruzilhada, onde as dúvidas e inseguranças sobre o que desejo, de fato, ainda me perturbam. Às vezes sinto-me jogada num precipício de perguntas não respondidas, de procuras tão incertas quanto os meus desejos.  

 

E essa não é a verdadeira condição do ser humano? A busca incessante e mal resolvida de seus sonhos? Não sei... Eis aí uma de minhas questões a serem respondidas, para que não me sinta um ser bizarro, absolutamente só.

 

(Milla Pereira)