Meus quase quarenta...

Não trocaria meus “quase quarenta anos” por duas sessões de vinte. Não mesmo!

Não estou falando de aparências, porque se estivesse, seria uma verdadeira imbecil em não aceitar tal barganha.

Estou falando de experiências, de significado de vida, de preferências, de valores, de gostos, de sabores, de trocas, de interpretações seguras, de aterrissagens forçadas, de escolhas certeiras, de paradas necessárias, de reflexões contínuas.

Nessa fase da vida não temos mais tempo para “picuinhas” emocionais. Queremos mais é correr todos os riscos, tentando acertar o alvo real da felicidade.

A pontuação é o de menos. O que vale, nesse caso, é o desempenho que, diga-se de passagem, é dos melhores...

Não trocaria meus “quase quarenta anos” por três fases de dezesseis.

Nessa fase da vida as espinhas desaparecem e a pele fica com um ar de quem já sorriu muito pela vida e chorou um bocado pelos cantos.

Nessa fase da vida as preferências ficam menos exigentes e mais levianas; quase um “rendez vous” opcional. As cargas ficam bem mais leves porque deixamos de selecionar locais apropriados para despejá-las. Recebemos as “pancadas” e devolvemos na mesma proporção. Isso também acontece com relação a carinhos e a elogios.

Nessa fase da vida ficamos menos críticas e mais “lights”. Tiramos um pouco do gás do nosso cotidiano, mas, em contrapartida, aumentamos o melado. Ficamos um tanto mais “doces”.

Não trocaria meus “quase quarenta anos”por nada...

Considero, sem sombra de dúvidas, a melhor fase da vida.

Nada mais nos amedronta, tudo nos emociona e pouca coisa nos impressiona.

Nada mais nos intimida, tudo nos apaixona e pouca coisa nos intimida.

Uma época em que nem todas as flores exalam os devidos perfumes, nem todas as folhas caem no tempo frio do outono e nem todos os momentos da vida reservam surpresas agradáveis.

Uma época em que a tranqüilidade impera, em que a leitura preenche, em que o silêncio acalma.

Uma época em que os passos são, definitivamente, mais importantes que a dança.

Uma época em que aprendemos a cantar sem cifras, a amar sem medos e a nos entregar sem pressa.

Uma época em que deixamos de correr atrás da felicidade e esperamos, quietinhas, que ela venha pousar na quietude da nossa alma...