AS LAVADEIRAS DE PILAR

No rio do meu Pilar,
Por onde elas passam,
Iguais, iguais às águas,
Lavam roupas na cacimba.
As sujas elas lavam,
As torcidas elas enxáguam,
Batendo as molhadas
Na pedra dos meus pulos.
Espremem entre espumas
Algumas nódoas retintas,
O sabão e suas mãos,
Com dedos em feridas
E um muito sofrido,
De tantos trabalhos idos.
Espiam os banhantes,
Logo atrás dos arbustos,
Na sombra, no meio escuro,
Homens sem roupa,
Que também lavam inteiros,
Todos os seus corpos nus.
A água os faz brilhantes,
Homens, partes, desejos,
Seios, olhares, ensejos
Das lavadeiras amantes.

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