GRACE KELLY, O MITO DUMA FADA NA TERRA
Muitas vezes nós, os moradores de Sampa, em virtude da correria de sempre, somos os últimos a saber do muito de melhor que aqui acontece.
E foi assim que hoje, exatamente na última hora, (e aqui no recanto já fora de hora para indicar o belo evento) eu recebi um convite para uma exposição que eu ignorava acontecer e que terminou hoje, a que foi gratuitamente oferecida pela FAAP e que nos mostrava um belíssimo compacto sobre a glamurosa vida da atriz e Princesa Grace Kelly do principado de Mônaco.
A montagem foi impressionante e lá tínhamos a sensação de retornar na História, até certo ponto meio melancólica.
Mas por que estaria eu aqui a falar sobre algo que já aconteceu?
Primeiramente porque não sei se a exposição vai correr o pais em mais algumas capitais.
Se for, vale conferir como cultura.
Confesso que a princípio não me animei muito, pensei que talvez a mostra, que consta ter sido uma ideia da família de Grace Kelly, mais precisamente de seu filho, pudesse cair naquela vaga sensação dos museus, a nos contar histórias de Glamour, luxo e vaidade que pouco acrescentam. Não foi o caso.
Ali se constatava detalhes da vida duma princesa dos contos de fadas reais, porém , eu lhes digo que Grace, de fato, faz faz jus à sua fama de Princesa mais linda que o mundo já conheceu.
Como era linda...impressionantemente linda. Um colírio aos olhos do mundo!
E não era apenas a sua beleza que encantava, posto que muitas belezas glamourosas podem se tornar enjoativas.
Não era o seu caso: Grace Kelly foi agraciada com tudo: beleza, carisma, talento, sensibilidade, classe, elegância...e o mais incrível: simplicidade de realeza inata, apesar do entorno do principado, uma ilha de fantasias até hoje, cercada de dura realidade por todos os lados do nosso gigantesco mundo.
Curioso foi ver o acervo pessoal dos vestidos de Grace: algo extremamente cultural e que nos proporcionou uma incrível viagem pelo mundo da moda.
Penso que aos universitários de moda a exposição era imperdível.
Nós mulheres ali podemos entender culturalmente donde vêm as tendências mais clássicas de todas as modas que não são modismos: são arte.
Nomes como Christian Dior e Chanel foram ícones no armário da princesa.
Tecidos de rendas diversas coma a francesa "sotache" e a tão clássica renda "guipper", shantungs, musseline de seda, chiffons de seda, acetatos de seda, lamês, bordados em paetês, desenhos com fios de ouro em tule, brocados, veludos, e os clássicos casacos em lã tweed e as "capas sobretudos"em tafetás com cortes evasês e godês tipo "guarda-chuva" que pontuavam classicamente as telas de Hollywood dos anos cinquenta para cá.
As jóias? Indescritíveis. Uma amiga comentava suspirando:" se eu ganhasse um anel de noivado daqueles ( dois diamantes enormes arranjados de forma a nos parecer um único) eu me casaria até de olhos fechados".
Dispenso comentários, porém, a única preocupação que senti ali foi a de entender como que tantas jóias são transportadas para uma exposição...por aqui. Preocupante...
Exposta também uma curiosa pochete pequenina e delicadíssima, dessas de mão, todinha trabalhada num macramê em fios de ouro, que penso ser algo único e exclusivo no mundo.
Uma gigante bolsa em nobre couro Hermès era ali exposta, a que decora a loja da famosa grife cujo modelo leva o nome da princesa atriz.
Seu vestido de noiva também ali era melancolicamente exposto, vestido que encantou e inspirou várias gerações de mulheres por todo o mundo.
Toda a exposição era contemplada com curtas filmagens de sua vida pessoal desde criança até a de sua arte cinematográfica.
Grace morreu fatidicamente em 1982, aos cinquenta e dois anos de idade, vítima dum acidente automobilístico.
Saí dali extasiada, meio melancólica e claro, muito pensativa.
Da exposição uma única certeza que me ficou: O tudo materialmente nosso, seja ele muito ou pouco, só pertence à Terra. Apenas nos é "etereamente" emprestado por frações delimitadas do tempo.
Levamos não sei para aonde...apenas a nossa história, que curiosamente às vezes se eterniza por aqui.
Por que alguns se nos tornam eternos mitos, inclusive em vida...eu também não saberia explicar, e tanto glamour frente às tantas diferenças sociais até indignas ao Homem, eu também só queria entender: Por quê?