Epidemia

Ontem numa roda de gente alegre.

Ouvi coisas que me chocaram.

Mulheres. Homens. Todos cheios de vida.

Havia o que era o máximo neste século:

Malhados e sarados. Cores da felicidade.

Porém um medo comum. Falava-se de uma invasora.

Fiquei atento. Seria uma nave. Fêmea intergaláctica.

Havia certo pânico. Vozes alteradas.

Sugavam copos de cerveja. Gelada como suas almas.

O assunto tradicional: chope, mulheres e futebol, substituído pelo inesperado. Ontem viajavam para o exterior.

Caviar na França. Legítimo hambúrguer americano.

Disney Word e, por que não? – a antiga volta ao mundo.

Diziam que suas casas foram construídas em função dos desejos. Personalizadas. Investia-se no alto padrão. Os mais caros consumindo o mais caro.

Tudo era festa. Política - quem se importava?

Agora uma nuvem não prevista. Será que está acontecendo de fato.

“Independence Day”. Com uma diferença brutal.

Agora o inimigo está invisível e indefinido.

O pavor alastrou-se por toda a América Latina. Quem será o mentor?

A bolsa cai. Nossa moeda se desvaloriza. O dólar, como um bom general, alista mais reais. Volta da inflação?

Sem corpo. Sem cheiro. Sem matéria. Como vamos detectar esta ameaça. Onde será o QG de tão pavoroso inimigo. O ataque ocorre por todos os lados.

Todos; senhores banqueiros, comerciantes, cidadãos comuns, figurões da agroindústria, industriais, e outros que atuam no setor de prestação de serviços e público. Ninguém escapa!

Há quem faça fortuna com este fenômeno. Regras de exceção. São poucos. Felizardos. Talvez culpados; bem mais provável. Quem sofre? Crianças. Velhos. Os menos favorecidos. Não se sabe ao certo. Hospitais com suprimentos escassos. À volta da etiquetagem de preços. Projetos parados. Há um compasso de espera no ar...

Ela, se é que tem sexo definido, foi o assunto da roda. Misteriosa inimiga. Sem corpo. Sem forma. Quem sabe um vírus inteligente implantado? Daqueles que matam aos pouquinhos. Sintomas possíveis. Suor. Corpo frio. Nervosismo. Angústia. Ansiedade. Disritmia e insônia. Em casos mais graves: falência dos “órgãos” “responsáveis pelo raciocínio lógico".

Forte. Perigosíssima. Há boatos que ela já esteve por aqui no passado. Dizem os políticos, historiadores e os economistas!

Imagino que ela seja como o Antraz. Bactéria invisível a olho nu.

Capaz de matar por contaminação, se a vítima não for socorrida a tempo. Seu raio de alcance. Indefinido.

Salve-se quem puder...

www.jaederwiler-poeta.blogspot.com

jaeder wiler
Enviado por jaeder wiler em 03/12/2006
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