IN MEMORIAN DE MIM

Não darei alarde, embora gostaria.

Manterei silêncio, debalde perguntar-me meu segredo, não direi o nome dela, esqueça seu curioso.

Nem sob tortura terá de mim uma só palavra.

Minha mudez trará a força de mil armas, meu coração, me diz que estou certo, odeio urubus.

Minha convicção não deixa dúvidas e, você já sabe, nada que você disser mudará alguma coisa. Esqueça!

O nome dela, não lhe diz respeito, o único jeito de saber é me matando.

Se realmente estiver disposto e isso acontecer, no velório, observe a dama mais sofrida...

A propósito seja educado dê-lhe flores e beije sua mão, evite falar sobre mim, mas, se por descuido o fizer, por favor

diga-lhe que nunca fui canalha, a culpa foi do maldito gigolô, que nunca largou aquela infernal navalha.

Seja cavalheiro, ajude a carregar o caixão.

Não seja tão molenga, seu cretino, nunca fui pesado, nem corpo, nem alma, nem consciência, nem nada.

Pare de reclamar e se mexa.

O povo realmente fala muito mais do que sabe, meu segredo vai comigo. As outras cinco?

Bom! Isso é uma outra história, mas, por hoje, já falei demais, você não vai saber, sou um túmulo dentro de outro túmulo, ou, pelo menos daqui a pouco serei.

Que diabos está acontecendo com esse bendito coveiro?

Mande acabar com isso logo... Bye...bye... Ah! Ela adora beijinhos no lóbulo da orelha, mas respeite a minha viúva seu canalha desgraçado, nem fui ainda e já quer papar minha mulher?

Cretino duma figa, vá fazer careta pro capeta e tire esses olhos de seca pimenteira da minha pequena!

Marçal Filho
Enviado por Marçal Filho em 10/07/2011
Reeditado em 07/12/2023
Código do texto: T3086826
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