MENINO OU MENINA? EIS A QUESTÃO!
Outro dia presenciei um fato corriqueiro.
Uma criança de 3 anos chega à escola pela primeira vez e começa a chorar assim que a acompanhante ameaça ir embora. Uma cena natural e típica de crianças que iniciam sua trajetória escolar em idade tenra. Até aí, tudo bem, se não fosse pela resposta dada ao choro da criança:
-Por que está chorando?Homem não chora!
Para tantas perguntas uma resposta previsível: Mais choro!
É verdade. Era um menino e chorava. Chorava porque se sentia inseguro no meio de pessoas estranhas, chorava porque tinha medo que seus pais o abandonassem. Medo do novo, daquele espaço maior que a escola ocupa.
Não importa se menino ou menina. Eles choram porque ficam assustados.
Tal episódio ilustra os rótulos que postulamos frente à questão do gênero.Quem foi que disse que homem não chora? Onde está escrito tal veredicto?
Esses e outros equívocos acontecem freqüentemente, pois estão arraigados em nossa sociedade. Uma questão cultural.
Fico observando educadores utilizarem lembrancinhas ou qualquer outro material onde a cor azul é destinada aos meninos e rosa para as meninas. Fazem isso sem pensar na dimensão daquele ato. Já acostumaram. Estão condicionados por uma cultura machista.E os pequenos, por sua vez , introjetando tais conceitos e formando identidades.
E as brincadeiras? Já observaram como acontecem? As meninas, salvo algumas exceções, desde cedo brincam de casinha, de fazer comidinha, cuidar da bonequinha... Os meninos jogam bola, brincam de carrinho, lutas, etc. Parece um treino onde desde cedo se determina os diferentes papéis que a mulher irá desempenhar na vida adulta. Ao passo que os meninos não brincam de papéis que possivelmente irão desempenhar quando adultos. Eles simplesmente brincam, pelo simples prazer de brincar. E ao se tornarem homens desempenharão profissões variadas.
É preciso atentar a certas atitudes que reforçam e aumentam a diferença de papéis sociais exercidos por homem e mulher.
Se quisermos que a geração vindoura viva em comunhão, devemos repensar valores e evitar respaldar essa histórica guerra dos sexos.
E como um recreio de escola nos faz refletir!